quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Negros e índios ainda são marginalizados na literatura infanto-juvenil brasileira


Descrição para cegos: a foto mostra a professora Ana Marinho, que está sentada. O nome dela está destacado no canto superior esquerdo, em letras vermelhas.
Isso foi constatado pela professora Ana Marinho, da UFPB, no acervo de obras do Plano Nacional de Biblioteca Escolar, o PNBE. A pesquisa identificou nessas obras representações de negros e indígenas que reforçam preconceitos. O levantamento resultou na criação do catálogo Índios e Negros na Literatura infantil/juvenil brasileira, que traz indicações das obras analisadas. Ouça a entrevista que fiz com a professora Ana Marinho para o programa Espaço Experimental. (Jullyane Baltar)


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Afroeducação analisa a implementação de leis étnicos-raciais na Educação

Descrição para cegos: A foto mostra o professor Wilson Aragão em seu ambiente de trabalho. Ele está segurando um pequeno livro, onde está escrito o nome AFROEDUCAÇÃO. O nome do professor está escrito no canto superior esquerdo, em letras azuis.
Pesquisa analisa a implementação de leis étnicos-raciais na Educação.O trabalho é desenvolvido pelo grupo de pesquisa Afroeducação que tem como objetivo empoderar descendentes de africanos e indígenas na UFPB. Uma das suas áreas de atuação é a educação básica do litoral norte da Paraíba. Ele atua em municípios da região avaliando como a legislação que determina adoção das histórias africana e indígena é aplicada no ensino básico.Ouça a entrevista com o coordenador do estudo, Wilson Aragão, Diretor Centro de Educação da UFPB.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Desejabilidade social demonstra atitude racista de alunos da UFPB

Descrição para cegos: A imagem mostra o professor Carlos Pimentel, cujo nome está escrito na parte superior direita, em letras laranjas. Ele está em pé e, ao fundo, vê-se algumas pessoas.
Esse resultado foi constatado pelo Núcleo de Bases Normativas do Comportamento Social em pesquisa sobre preconceito na universidade. O levantamento foi feito através do Teste de Associação Implícita, método que mostra as diferenças entre o consciente e o inconsciente. A desejabilidade social é a intenção de o indivíduo responder perguntas de forma tendenciosa para ser aceito socialmente. A pesquisa concluiu que os estudantes responderam aquilo que não os comprometeria socialmente, em vez do que realmente acreditavam. Foi constatada também a correlação negativa que associa os negros às armas e os brancos a objetos inofensivos. Ouça a entrevista com o coordenador do estudo, Carlos Pimentel, professor do Departamento de Psicologia da UFPB.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Acesso desigual de negros à saúde pública será tema de atividade da UFPB

Descrição para cegos: a imagem retrata o professor Antônio Novaes, que sorri para a foto. O nome do professor está destacado no canto superior esquerdo, em letras azuis.
O Ministério da Saúde constatou relatos de discriminação e acesso desigual à informação para a população negra nas unidades de saúde. Por isso, realiza campanhas de combate ao racismo institucional, visando estender o conhecimento aos profissionais e melhorar o atendimento aos usuários. Nessa perspectiva, o movimento social Coletivo da Saúde promove a oficina Todas as Cores do Sus, voltada para futuros profissionais da saúde. Ela terá como mediador o professor Antônio Novaes, da Universidade Federal da Paraíba. A palestra acontecerá na próxima quinta-feira, no Centro de Ciências Médicas da UFPB.Ouça a entrevista que fiz com o professor Antônio Novaes para o programa Espaço Experimental. (Jullyane Baltar)

terça-feira, 21 de outubro de 2014

2º Colóquio de Diversidade Étnica – professora Solange Rocha

Descrição para cegos: foto mostra a professora Solange Rocha, falando com auxílio de um microfone. Há uma câmera que a filma e ela também aparece no visor.
O Colóquio de Diversidade Étnica da turma de Jornalismo e Cidadania do período letivo 2014.2 foi realizado no dia 1º de outubro com a professora Solange Rocha, do Departamento de História da UFPB e Coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas, o Neabi. A organização foi de Ítalo Di Lucena, Jullyane Baltar, Marijane Mendes e Talita Lourenço.
No primeiro vídeo a professora Solange fala sobre o processo histórico do capitalismo no Brasil e como esse modelo econômico se tornou disseminador do racismo. 


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Diversidade nacional

Foto: Kalyne Lima. Descrição para cegos: a imagem mostra duas pessoas com as cabeças encostadas uma na outras. Uma delas é um homem negro, à esquerda, e a outra, uma mulher branca, à direita.


Nas ruas, nas cidades, busco o respeito
Respeito pela diversidade
Mas só vejo preconceito

Negro ou branco
Para que o desrespeito?
Somos todos diferentes
Nós somos iguais
Por que somos brasileiros

Para que distinguir a cor da minha pele
Sou mestiça, sou humana
Esse direito não me negue

Igualdade social, direito nacional
Brasil, país tropical
Diversidade étnica, respeitar é dever social

Branco, negro, amarelo, vermelho
Muitas são as cores, mas também o preconceito
Qual a minha cor , qual o meu valor?
Não importa, não quero ter valor

Quero paz, respeito, eu quero amor. (Talita Lourenço)

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Estereótipos Indígenas

Descrição para cegos: a foto mostra um grupo de índios, vestidos e adornados com elementos da cultura índigena. Eles estão em cima da grama e, no fundo, existem diversas árvores.
Foto: Marina Cândido

A mídia e os materiais didáticos reforçam um estereótipo de índio que, na realidade, não existe mais. Marina Cândido, indígena, escreveu sobre como esses estereótipos são identificados e como a sociedade pode tentar combatê-lo. Confira o texto completo no link abaixo. (Jude Alves)


Campanha Reaja ou será morto, Reaja ou será morta!

Descrição para cegos: A ilustração é composta por um fundo da cor preta e a frase reaja ou será morta!, em cor amarela, e a frase reaja ou será morto!, em cor branca.
Foto: Divulgação
No dia 22 de agosto acontece a II Marcha contra o Genocídio do Povo Negro. O movimento começou com a campanha Reaja ou será morto, Reaja ou será morta. Aqui na Paraíba, o movimento também ganhou força e estudantes e professores da Universidade Federal da Paraíba estão se mobilizando para envolver toda a população negra do Estado nessa marcha. Eu conversei com duas estudantes que compõem o grupo Reaja Jampa, Helainy Souza e Janiffer Xavier. A seguir você confere todos os detalhes sobre a campanha na Paraíba. (Thais Vital)
Blog: Qual o objetivo da Campanha Reaja ou será morto, reaja ou será morta?
Helainy: A luta maior do Reaja é contra a lamentável mortandade de jovens e adultos, negros e negras no nosso país, quando verificamos que a pobreza e a marginalidade têm cor. O objetivo da marcha é denunciar e reivindicar os direitos de todos que são julgados pela cor de sua pele, lutamos contra toda e qualquer forma de discriminação étnico racial declarada, e em especial contra o lamentável genocídio da população negra, denunciando assim a forte truculência policial que verificamos frente às comunidades e à desigualdade social que nossa gente negra experimenta. 
Blog: Quantos membros compõem o Reaja Jampa? Como esse grupo foi articulado aqui na Paraíba?
Helainy: O grupo é composto por treze pessoas, dentre elas estudantes e professores da UFPB e também contamos com colaboradores que ajudam e apoiam a causa. O Facebook foi uma ferramenta essencial para que o grupo crescesse e tomasse corpo. O Reaja também recebeu o apoio do NEABI- Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro- Brasileiros e Indígenas, da UFPB, que cede espaço também para divulgação da Marcha e do Movimento Reaja, além de ser o principal espaço onde fazemos nossas reuniões.

Grupo de cultura popular promove a dança e a percussão afro-brasileira e indígena nos bairros de João Pessoa

Descrição para cegos: a foto mostra apresentação do grupo Sementes de Jurema. À frente, destaca-se um integrante do grupo, que segura um microfone. Os demais membros estão com instrumentos musicais, ao fundo.
Foto: Neiry Karla
O Sementes de Jurema foi criado em abril de 2012, no bairro do Castelo Branco, em João Pessoa. Trazendo em sua razão de existência o desejo de que todos os paraibanos conheçam suas origens, o grupo leva cultura popular afro– brasileira e indígena aos bairros da capital, com muito ritmo e o brilho nos olhos de quem busca intermediar o reencontro da sociedade com sua ancestralidade.
Fundado inicialmente com o objetivo de ministrar oficinas de danças, o Sementes de Jurema viu no movimento a oportunidade de conscientizar os paraibanos sobre a importância do seu auto reconhecimento e a afirmação de suas origens, valorizando, assim suas características étnicas. Suas apresentações englobam música, teatro e percussão de ritmos como a dança dos orixás, ijexá, samba de roda, trabalho do campo, maculelê, puxada de rede, maracatu, ciranda e coco de roda.

Etnia versus Raça

      
Foto: Jude Alves. Descrição para cegos: a imagem mostra a frase Etnia X Raça escrita em letras pretas, contrastando com o fundo azul.
Foto: Jude Alves

      Para falar sobre o tema de diversidade étnica é importante o conhecimento de alguns conceitos. O termo etnia é um deles. A discussão tem início quando se traça ou delimita seus significados que acabam confrontando-se com os de raças.
        O significado de raça está ligado ao campo morfológico no que diz respeito aos seres humanos. Historicamente esse termo começou a ser utilizado para reconhecer grupos humanas que já eram socialmente definidos. As distinções empregadas referem-se a características como o tipo do cabelo, tonalidade da pele, a formação facial e cranial, ancestralidade e genética. Contudo, as variações da cor da pele são constantemente utilizadas como o único atributo para definir a raça, porém ela constitui apenas uma das características raciais. E ainda é importante lembrar que a cor da pele não determina a ancestralidade do indivíduo, principalmente aqui no Brasil, onde a população é altamente miscigenada.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O espelho da mídia

Descrição para cegos: a ilustração retrata uma mulher negra, de cabelo black power e flor branca na cabeça, tendo à frente um grande ponto de interrogação.
Já observou qual a representação da mulher negra nos programas de televisão? Ou, se você é negra e está lendo este post, já se identificou com essas imagens? Do estereótipo à sexualização, este tem sido o viés de reprodução da mulher negra no cotidiano televisivo. Para explicar esse contexto o PortalGeledés traz um texto, revisto e ampliado, que aborda essa temática. O documento foi apresentado na abertura da Semana da Consciência Negra da Escola Municipal da Palestina, em novembro de 2013. 
(Poliana Lemos)

A representação social da mulher negra nos programas de TV: do estereótipo à sexualização
O Brasil viveu mais de 300 anos, mais precisamente 358 anos de regime escravista negro africana. A historiografia nos diz que homens, mulheres e crianças foram sequestradas de várias regiões de África e trazidas para o Brasil a fim de servir o sistema comercial e exploratório que a escravidão perpetuou.
Mulheres africanas que aqui aportaram vilmente tiveram sua força de TRABALHO explorada, sua cultura expropriada, e sua sexualidade abusada.

sábado, 16 de agosto de 2014

Terras Indígenas

Foto: Maria Cândido. Descrição para cegos: a foto mostra um grupo de índios, vestidos e adornados com elementos da cultura índigena. Eles estão em cima da grama e, no fundo, existem diversas árvores.

As delimitações do que seriam as terras indígenas são geradoras de muitos conflitos no território brasileiro. Porém esses povos têm direito assegurado em lei. Confira no texto abaixo como se encontra a situação da disputa por terras aqui no Brasil. (Jude Alves)
O que são Terras Indígenas
No Brasil, quando se fala em Terras Indígenas, há que se ter em mente, em primeiro lugar, a definição e alguns conceitos jurídicos materializados na Constituição Federal de 1988 e também na legislação específica, em especial no chamado Estatuto do Índio (Lei 6.001/73), que está sendo revisto pelo Congresso Nacional.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Resenha do livro Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil: Identidade Nacional versus Identidade Negra

Descrição para cegos: A imagem mostra a capa do livro, onde pode-se ler (na ordem): a editora IDENTIDADE BRASILEIRA; o autor Kabengele Munanga; o título: REDISCUTINDO A MESTIÇAGEM NO BRASIL; uma escultura tribal formada por duas cabeças; e o subtítulo Identidade nacional versus identidade negra.
Foto: Capa do livro

Neste livro o antropólogo Kabengele Munanga analisa, através de pensamentos de autores de diversos campos do conhecimento, os efeitos da mestiçagem e suas consequências para a construção da identidade brasileira e a sua relação com a formação da identidade negra. Ele demonstra como inúmeros autores europeus considerados clássicos e inatacáveis em nossos currículos advogam as mais ensandecidas teorias racistas. Além disso, discute o conceito e a história da mestiçagem no Brasil e nos Estados Unidos e analisa as ideologias defendidas por intelectuais que marcaram a discussão sobre as relações raciais em ambos os países.
Inicialmente, Munanga se propõe a identificar o conceito e a história da mestiçagem. Ao tratar sobre a mestiçagem na história do pensamento, o autor reflete como os filósofos do iluminismo veem e definem o mestiço. Para Voltaire, Julien Offray de la Mittrie, Maupertius, Buffon, Kant e Edward Long, o mestiço era considerado uma anomalia, um ser incapaz e degenerado.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A Arte das Pinturas Corporais Indígenas

Descrição para cegos: a imagem retrata uma pintura corporal da etnia Kayapó feita de genipapo. Uma mão pequena segura o pincel e a pintura está sendo feita no braço de uma pessoa branca.
As diversidades étnicas existentes no Brasil é grande. Cada grupo se destaca pelas mais diversas características. Os povos indígenas utilizam como uma das marcas de sua cultura a pintura corporal. Vejamos o que o índio Amaré Brito fala sobre essa peculiaridade. (Jude Alves)
Pinturas corporais indígenas
Em nosso país, nós indígenas estamos presentes em diversos lugares com muitas características iguais, mas cada um com sua história e cultura diferente, essa é a nossa maior riqueza.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O povo cigano sob as lentes de Márcio Lima

Descrição para cegos: a imagem retrata uma mulher cigana amamentando uma criança. Ela está sentada em um sofá amarelo e usa um vestido longo da cor rosa.
O povo cigano sofre diversos preconceitos, principalmente pela falta de conhecimento das pessoas sobre sua cultura. O fotógrafo Márcio Lima adentrou a causa, visitou e fotografou quatro comunidades ciganas no Estado da Bahia, conhecendo melhor sobre a história e cultura desse povo. O ensaio foi ganhador do Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia no ano de 2010. Confira no link abaixo todas as fotos ganhadoras. (Jude Alves)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Sobre rejeições humanas e técnicas

Descrição para cegos: a imagem retrata a estudante Lilian Souza com um prédio ao fundo.
Um fato inusitado foi registrado em Salvador, na Bahia, no dia 15, envolvendo uma jornalista negra. Lília de Souza teve problemas para tirar a foto de renovação do passaporte por conta dos cabelos volumosos.
O problema teria surgido após horas de espera para renovação do documento no posto da Polícia Federal no Salvador Shopping. Funcionários da PF pediram que a jornalista amarrasse o cabelo para tirar a foto do passaporte. Segundo eles, o sistema rejeitaria o cabelo estilo "afro" da mulher de 34 anos.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Cotas Raciais

Descrição para cegos: a ilustração traz a hashtag #CotasSim escrita em letras pretas. O fundo da imagem é da cor cinza.
Foto: Jude Alves

As cotas raciais são utilizadas para amenizar as desigualdades sociais, econômicas e educacionais que existem em determinados países. O país pioneiro na adesão ao sistema de cotas foi os Estados Unidos, que em 1960 tomou medidas para tentar diminuir a grande desigualdade que havia entre negros e brancos. Aqui no Brasil só a partir do final da década de 90 foi que esse assunto entrou em pauta, começou a ser discutido e foi posteriormente posto em prática. A primeira instituição de ensino no país a adotar tal medida foi a Universidade de Brasília (UNB), que em junho de 2004 abraçou a bandeira das cotas raciais, servindo de modelo e apoio para a adesão de outros centros de ensino superior.
O sistema aqui no Brasil, além de beneficiar os negros, também reserva uma parte das vagas para os indígenas e seus descendentes. Em algumas universidades, pessoas pardas também usufruem do benefício. Para uma pessoa ser beneficiada, além de assinar um termo em que ela autodeclara sua raça, às vezes é necessário também passar por um tipo de entrevista. E é essa entrevista que gera uma grande polêmica: O fato de decidir de qual raça o indivíduo pertence. O assunto acaba deixando brechas para muitas discussões.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC) em um levantamento realizado em 2013, após a implantação das cotas para os estudantes que cursam ou que já concluíram o ensino superior, o número de pardos subiu de 2,2% para 11%, e de negros de 1,8% para 8,8%. Ficando atrás apenas da Nigéria, o Brasil tem a segunda maior população negra do mundo e é incontestável todo o déficit que o país tem com essa classe historicamente desfavorecida. E mesmo não sendo vista por todos como uma ação positiva, as cotas raciais entraram sim em vigor no Brasil e já estão dando resultado. Os opositores servem para mostrar que o preconceito no país existe e se apresenta mascarado. 
(Jude Alves)

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O fotógrafo do Brasil profundo

Descrição para cegos: A foto retrata três indígenas, vestidos com roupas gastas e rodeados por pedaços de pau e lixo. O índio do meio está com um cocar. Ao fundo, vê-se vegetação cerrada.
“A última trincheira” é o título de um dos trabalhos mais intensos já realizados pelo fotógrafo Gabriel Ivan sobre os povos indígenas do sul do Amazonas. O fotógrafo relata em entrevista ao Hypeness , a experiência vivida por ele durante suas quatro viagens a Humaitá, e mostra um pouco do trabalho de quem manteve contato direto com a etnia Tenharim, uma parte do Brasil que ele chama de profundo. (Poliana Lemos)

terça-feira, 15 de julho de 2014

Copa 2014: a diferença entre dizer não ao racismo e fazer alguma coisa contra ele

Descrição para cegos: a imagem em fundo preto traz a hashtag #SayNoToRacism destacada em letras brancas (tradução: DigaNãoAoRacismo).
Foto: Thais Vital

A campanha da FIFA nesta copa no Brasil teve como foco o racismo no futebol. Em todos os jogos a faixa com a frase “Say no to racism” foi erguida. É louvável a iniciativa de que num evento mundial esse tema ganhe destaque. O problema é que nada foi feito efetivamente para evitar esse tipo de violência nem para disseminar a cultura afro-brasileira. É sobre essa campanha feita somente “pra inglês ver” que o texto extraído do Portal Geledés fala. (Thais Vital)

domingo, 13 de julho de 2014

Negros têm três chances mais de ser vítima de homicídio no Brasil

       
Descrição para cegos: a imagem mostra uma roupa preta de bebê amarrotada, que contrasta com o fundo branco.
Foto: Wanderson Fernandes

      Ao ligar a televisão e sintonizar nos programas policialescos, o número de pessoas negras que aparecem nas matérias é bem maior do que as de outras raças. O problema é o modo de como elas são mostradas, geralmente em cenas de prisões, crimes de modo geral, e vítimas de homicídio.
       A Paraíba é o segundo pior estado no Nordeste e o terceiro no país para pessoas negras viverem. Um estudo realizado pelo o Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas, o IPEA, no ano de 2013, demonstra que a possibilidade de um homem negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes mais do que a de um homem branco, o que leva a expectativa de vida de um homem brasileiro negro ser menos da metade que a de um branco. Para os pesquisadores, um dos principais motivos para esse alto índice de violência contra a comunidade negra são as condições sociais e o racismo.
     O estereótipo construído ao longo dos anos, o qual liga os negros a diversas modalidades de crimes, influencia diretamente nas posturas dos policiais, dos vigias, vigilantes e até mesmo de pessoas comuns. Não é difícil encontrar alguém que já tenha se desviado de uma pessoa negra, ao encontrá-la no caminho, com medo de ser, no mínimo, assaltado.
Mas, o que fazer para se desconstruir esse modo de pensamento impregnado na mente durante tanto tempo?
Creio que o ponto inicial deve ser dado por nós, jornalistas e formadores de opinião. Cabe a nós mostrar que necessitamos de segurança e justiça para todos e não para poucos. O crime independe de raça, gênero e religião. É um problema social e não racial.
Wanderson Fernandes


segunda-feira, 30 de junho de 2014

O jornalista como agente de combate ao racismo


    
Descrição para cegos: a imagem mostra as palavras JORNALISMO, RACISMO, ESTEREÓTIPO, DISCRIMINAÇÃO E SOCIEDADE espalhadas e distorcidas.
Foto: Thais Vital

     A obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana e a contribuição desses povos para a formação da sociedade brasileira em todos os níveis de escolaridade pode ser considerada um grande avanço na luta pelo combate a discriminação racial.
    A lei 10.639/03 é uma das ferramentas fundamentais para disseminar através da educação brasileira a cultura e o combate à discriminação racial e propõe novas diretrizes curriculares nesse sentido. Por exemplo, os professores devem ressaltar em sala de aula os negros como sujeitos históricos, valorizando o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros brasileiros, bem como a cultura e as religiões de matrizes africanas.
   Entretanto, esse combate deve ser instaurado em todas as esferas da sociedade brasileira, sendo o jornalismo outra ferramenta essencial. Infelizmente, o número de jornalistas negros é ainda muito baixo. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, apenas 15,7% dos jornalistas eram negros. Em 2013, o levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostrou que as mulheres, brancas e jovens representam 64% dos jornalistas brasileiros, enquanto os negros e as negras jornalistas somam apenas 23% desses profissionais, sendo 5% negros e 18% pardos, o que não equivale ao percentual de 50,74% de pretos e pardos (negros) na sociedade brasileira, segundo o IBGE.
    Uma das grandes iniciativas dos poucos jornalistas negros no Brasil para combater a discriminação racial no campo da comunicação foi a criação das Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira), em 2001, em todos os estados brasileiros. Na Paraíba, essa comissão foi criada em 2009 por 19 jornalistas negros em busca da promoção da igualdade racial e do combate ao racismo no meio jornalístico. Se todos os nossos jornalistas tivessem uma formação anti-racista, a luta pelo combate desse tipo de violência teria um aliado essencial e muito forte. Prova disso é que, conforme o jornalista Flávio Carrança descreve em seu artigo publicado no livro Mídia e Racismo, nas pautas jornalísticas quando o negro é eleito um personagem da história, ora ele é considerado o pobre, coitadinho, que mora na favela e não tem acesso a educação, ora é tido como o exemplo de superação, que, por ser negro, não é normal que consiga sucesso.
     Acredito que é preciso muita dedicação e atenção na formação dos profissionais formadores de opinião. Eles são uma das fontes de informações mais acessíveis da sociedade e por isso necessitam de uma formação adequada no que tange à temática das relações étnico-raciais.
Thais Vital 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Não à chapinha!

Descrição para cegos: a imagem traz uma jovem negra de cabelos cacheados com olhar desafiador. A parede por trás dela é da cor vermelha.
Em contraponto à recente notícia sobre o abaixo-assinado pedindo que a cantora Beyoncé penteie o cabelo da filha, o blog Diversidade Étnica apresenta uma ONG que faz justamente o contrário: estimula crianças a valorizarem a beleza negra. A matéria é do site Geledés Instituto da Mulher Negra. (Poliana Lemos)

Projeto estimula crianças a valorizarem a beleza negra em Viçosa

Transformar o sofrimento em lição de vida e utilizá-lo para combater o preconceito. Foi assim que a estudante de 23 anos, Raissa Rosa, criou o projeto “Perólas Negras”, da Organização Não Governamental (ONG) Casa Cultural do Morro, em Viçosa, na Zona da Mata. O objetivo principal da iniciativa é a valorização da beleza negra, trabalhando a autoestima de crianças e adolescentes. “Eu estudava em uma escola particular. Era a única negra do local e que tinha o cabelo crespo. Eu era bolsista, pobre, filha da faxineira. Carreguei o preconceito por toda a infância. Sofria muito e chegaram até a cortar o meu cabelo porque eu não aceitava fazer chapinha. Por isso, minha intenção é fazer com que as meninas se aceitem e se encontrem”, explicou a jovem.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Colóquio Diversidade Étnica - Parte 1

O Colóquio de quarta-feira, dia 28, teve como tema central a Diversidade Étnica. A professora convidada para conversar com a turma sobre esse assunto foi a Dra. Cristina Matos que é professora do curso de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, ambos na UFPB, com experiência na área de conflito e autoimagem, comunicação, cultura, cinema e relações raciais. Temas como cotas raciais nos concursos públicos, genocídio de jovens negros, lei 10.639/03, beleza e estética negra pautaram a discussão. O colóquio foi dividido em 11 partes para facilitar o acesso. Confira esse e os próximos vídeos!


Colóquio Diversidade Étnica - Parte 2

Aqui a professora Dra. Cristina Matos explica como a Lei 10.639/03 pode contribuir no combate à discriminação racial. 


Colóquio Diversidade Étnica - Parte 3

    A aprovação das cotas raciais no Ensino Superior foi um assunto que gerou uma série de dúvidas e polêmicas entre os estudantes que concorrem a vagas em universidades. Em maio, essa discussão ganhou uma força ainda maior a partir da aprovação desse tipo de reserva racial em Concursos públicos. A professora Dra. Cristina Matos comenta o assunto.



Colóquio Diversidade Étnica - Parte 4

A construção do pensamento e do ato racista é explicado neste vídeo pela professora Dra. Cristina Matos.


Colóquio Diversidade Étnica - Parte 5

   Neste vídeo a professora dá um panorama sobre a situação dos indígenas no Brasil.




Colóquio Diversidade Étnica - Parte 6

     A polêmica sobre a decisão da Justiça em não considerar a Umbanda e o Candomblé como religiões também pautaram a discussão do Colóquio. Confira neste vídeo o posicionamento da professora.


Colóquio Diversidade Étnica - Parte 7

  Aqui a professora Dra. Cristina Matos avalia como o discurso religioso tradicional na mídia desconstroi as religiões de matrizes africanas.


terça-feira, 3 de junho de 2014

Colóquio Diversidade Étnica - Parte 8

O racismo no futebol foi um dos temas discutidos no Colóquio. Aqui a professora avalia a repercussão midiática nos constantes casos de discriminação racial no futebol.


Colóquio Diversidade étnica - Parte 9

Neste vídeo a professora comenta os fatores que contribuem para a construção de uma identidade negra.


Colóquio Diversidade Étnica - Parte 10

   Neste vídeo a professora Dra. Cristina Matos explica o fato de crianças estarem reproduzindo discursos e atitudes discriminatórias.

Colóquio sobre Diversidade Étnica - Parte 11

     Outro aspecto importante da discussão foi a estética negra. Neste vídeo a professora responde uma questão sobre a aceitação do cabelo crespo.

Colóquio sobre Diversidade Étnica - Última parte

    A eleição de Lupita nyong'o como a mulher mais linda do mundo foi um dos temas do debate. Aqui a professora Dra. Cristina Matos avalia a polêmica feita em torno desse fato.


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Efeitos da discriminação racial

    Desde muito pequenas, as crianças de diferentes grupos étnicos já passam por processo de discriminação muito cruel. Elas aprendem que existe um biotipo perfeito que aparece nos contos de fada e chegam ao mundo real. Vejamos neste vídeo postado no You Tube por Leonardo Lima, o preconceito e a falta de aceitação que as próprias crianças demonstram.


Jude Alves

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O que é quilombo?


Descrição para cegos: a ilustração traz o mapa da Paraíba com diversas divisões, mostrando os lugares onde estão os quilombos.
    Foto: AACADE

    O que você imagina ao ler a palavra QUILOMBO? Cotidianamente é comum as pessoas relacionarem as comunidades quilombolas a um local que abriga negros fugitivos. Essa ideia provém da época da escravização, mas atualmente não faz tanto sentido.
    Como foi informado na primeira postagem desse blog, a identidade étnica de um grupo é a base para sua forma de organização, de sua relação com os demais grupos e de sua ação política. Os fatores comuns definem a etnicidade de um povo.
   Com os quilombolas não é diferente, pois eles são grupos étnicos que se formam a partir das relações com a terra, o parentesco, a ancestralidade e as culturas próprias. As comunidades quilombolas também podem ser entendidas como um símbolo de resistência cultural.
    A maioria das comunidades quilombolas estão situadas em zonas rurais de difícil acesso onde falta água tratada, energia elétrica e, principalmente, educação. A construção de políticas pedagógicas educacionais nos quilombos tem que ser efetivada de acordo com as experiências das pessoas pertencentes àquela comunidade; por exemplo as relações na família, as tradições culturais e religiosas e o trabalho com a terra.
    Uma lei instituída em 2003 traz uma alternativa para valorização da cultura e da história quilombola e desconstrói os estigmas relacionados a essa população. A lei 10.639/03 torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e a luta dos negros no Brasil e a formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
    Na Paraíba existem 39 comunidades quilombolas identificadas. Destas, 37 são certificadas pela Fundação Cultural Palmares, que totaliza cerca de 2.500 famílias.
Thais Vital

sexta-feira, 16 de maio de 2014

“Negro sujo!”

Descrição para cegos: a imagem mostra o rosto de um homem negro e uma mão branca na frente do seu rosto.
Foto: Pixabay
Não sou negra, mas venho de uma família de negros e brancos, e apesar de nunca antes ter testemunhado um ato de racismo, o tema sempre me chamou atenção - talvez com menos importância que hoje. Nunca consegui entender porque as pessoas se importam tanto com a cor da pele, até o dia em que vi um rapaz ser humilhado em seu ambiente de trabalho, apenas por não ter nascido branco. O título deste texto foi retirado da boca de uma senhora, a qual é a “inspiração” deste escrito.
Aos berros a mulher xingava o cobrador, por ele não ter permitido que ela entrasse e saísse de um terminal de integração sem pagar outra passagem. Ele tentava explicar que foi a ordem que recebeu e que se ela insistisse, a passagem sairia do seu bolso e ele seria prejudicado. Nesse exato momento comecei a perceber que ela não estava com raiva do funcionário, mas do negro que “cruzou” o seu caminho naquela noite. “Negro, sujo! Negro devia não ter emprego, porque não sabe trabalhar. Só nasceu pra ser escravo mesmo”, gritava a mulher.
Além da raiva que tomou conta de mim, senti uma enorme vergonha. Vergonha por ser branca, vergonha por não ter feito nada no momento, vergonha por sentir pena do rapaz, vergonha por pertencer a essa sociedade que aceita o negro, que tem amigos negros, contanto que não estejam em suas famílias.
Hoje percebo que o rapaz não precisa da minha pena, não precisa da minha vergonha. Os negros precisam sim, que eu entenda o preconceito que me rodeia, entenda que o racismo tem que ser combatido, que o negro não era escravo, mas foi escravizado.
Minha função é retirar as cortinas que encobrem as janelas do racismo, e eu começo por esse texto.
Poliana Lemos

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Diversidade Étnica no ambiente escolar

Descrição para cegos: a foto retrata dois meninos, um branco e um negro de mãos dadas. Ao fundo, 8 crianças e 5 adultos estão abraçados.
Foto: Rogério Capela

O tema da diversidade étnico-racial deveria começar a ser debatido nos primeiros anos escolares. A determinação de uma só cultura, além de anular a identidade das pessoas, vem distorcer o entendimento da realidade, principalmente quando falamos em crianças.
Não podemos permanecer admitindo que o outro, visto como “diferente”, tenha que se reprimir ou aderir à cultura de quem controla o poder, mandando e determinando o que é apropriado.
O ambiente escolar é o lugar onde os níveis sociais e as classes marginalizadas e menos privilegiadas pela sociedade dão início a um período de transição do seu modelo de vida, jeito de ser, aprender e de significar. A escola constitui também o recinto onde esses grupos e classes veem a oportunidade da transformação e crescimento social, cultural e econômico. Nesse espaço é muito comum vermos também a aparição de um modelo cultural que é tido como mais significante que os outros. E é exatamente essa atitude de uma só cultura, que exclui e reprime, que precisa ser verificada e eliminada das atividades no seio dos estabelecimentos de ensino, que se apresentam desde os níveis de base, passando pelo Médio e chegando até o nível Superior.
Dessa forma é que diferentes grupos étnicos vêm trabalhando atualmente pelo reconhecimento cultural. Deseja-se um desenvolvimento social novo, combate-se através da superação da discriminação, do abuso e das desigualdades entre os povos toda essa exclusão e exploração de grupos étnicos. Por intervenção da cultura almeja-se garantir nessa natureza de diversidades as diversas individualidades.


 Jude Alves

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Afinal, somos todos macacos?

      
   
Descrição para cegos: a imagem é uma montagem com diversas fotos de macacos.
Foto: Freepik

    A campanha publicitária “#Somostodosmacacos” continua sendo motivo de repercussão em todo o mundo. A atitude inusitada do jogador do time do Barcelona, o brasileiro Daniel Alves, de comer uma banana que fora jogada no gramado, reacendeu a discussão sobre o racismo. Mas será que nos comparando a macacos, não estaríamos nos segregando dos nossos irmãos brancos, amarelos, ou de qualquer outra cor de pele em questão?
    O racismo é uma via de mão dupla. Existem aqueles que sofrem a discriminação e os que se auto discriminam. Consigo visualizar os dois neste caso. Em um primeiro momento ocorre a discriminação por parte do torcedor do Villareal. O ato de jogar a fruta, fazendo assim referencia ao macaco, afirmando que pessoas que não tem a pele branca são seres inferiores.  Mas devemos aqui fazer uma ressalva: nem todas as espécies de macacos tem a pelagem preta. Assim como nós humanos, existem macacos brancos, pardos e amarelos. Contudo, comprando esta ideia e nos comparando a esses primatas, traçamos assim uma divisão com as outras etnias humanas, e nos excluímos da condição de Homo Sapiens, seres evoluídos assim como todo o resto da humanidade. Não somos diferentes. Somos todos pertencentes à raça humana.
    Apesar de ser um esporte de origem ariana, oriundo da Inglaterra, o futebol teve que se curvar a genialidade do rei Pelé e de tantos outros negros que já desfilaram e até hoje desfilam seus dribles e passes desconcertantes que fazem a alegria de todos os torcedores. Sendo assim, acredito que não somos macacos. Somos humanos e o nosso dever é lutar contra a discriminação racial e mostrarmos que somos todos iguais.

Wanderson Fernandes

terça-feira, 13 de maio de 2014

Tudo junto e misturado? Nem tanto...

        

Descrição para cegos: a ilustração de fundo negro traz uma pergunta dentro de um balão amarelo: Nós vivemos uma democracia racial?
Foto: Thais Vital

      O mito da democracia racial é a ideia de que existe no Brasil uma convivência pacífica nas relações étnico-raciais e que, na prática, todos têm direitos iguais na sociedade. É decepcionante saber que existem pessoas adeptas a essa ideologia Freyreana. É sobre isso e as famosas bananas que tomaram conta dos campos de futebol que a jornalista Silvia Elaine disserta no texto a seguir, publicado no Observatório da Imprensa.
(Thais Vital)
Tudo junto e misturado? Nem tanto...

     Os brasileiros têm vivenciado uma situação intrigante. Com o advento da Copa do Mundo, os olhos do planeta se voltam para cá. E que imagem este mundo tem de nós, brasileiros? Alguns mitos precisam ser problematizados, como a nossa tão ilusória “democracia racial”. A ideia de que nossas relações sociais se dão harmoniosamente no campo racial.
      Algumas características marcam o racismo enquanto ideologia. Entre elas, podemos citar a animalização do outro e a naturalização das hierarquias sociais. A animalização quase sempre acontece por meio da piada, ou da chacota, e interioriza um pensamento de inferioridade deste outro. “Cada macaco no seu galho”, como diz a música e ironizou, em seu programa semanal, Fernanda Lima no contexto da sua indicação a apresentadora oficial do sorteio da Copa do Mundo, no fim do ano passado. Segundo rumores, Camila Pitanga e Lázaro Ramos (negros) teriam sido vetados pela Fifa como apresentadores do evento. A modelo e apresentadora, ao lado de seu marido, Rodrigo Hilbert (ambos loiros), teriam sido escolhidos para a substituição. Um dia após a polêmica, a música foi tema de abertura do programa semanal Amor e Sexo, da Rede Globo, no qual Fernanda Lima é apresentadora.

sábado, 10 de maio de 2014

Discriminação racial: Percepções de quem sente na pele

Descrição para cegos: a imagem tem duas faixas menores nas cores amarelo e vermelho, e uma maior de cor preta. Dentro da última, destaca-se a seguinte frase, em branco: "Alisei meus cabelos dos 15 aos 23 anos e sempre tive vergonha da forma como ele era".
                                           Foto: Thais Vital

“Alisei meus cabelos dos 15 aos 23 anos e sempre tive vergonha da forma como ele era, achava-o feio e as pessoas sempre reforçaram isso”. Foi assim que a nossa conversa começou. Num tom que variava entre a revolta e a decepção. Com uma infância marcada pela discriminação racial, R. Silva luta contra o racismo diariamente, seja na universidade ou na conversa entre amigos.
Com os dedos timidamente enrolando os pequenos cachos do cabelo, o rapaz de 24 anos, estudante de Letras na Universidade Federal da Paraíba, revelava o sentimento de tristeza ao relatar as atitudes discriminatórias sofridas desde os 10 anos de idade. “Uma vez fui ao supermercado e o gerente pediu que me revistassem desconfiando que eu havia roubado algo do estabelecimento, mesmo que eu não demonstrasse nenhuma ação que justificasse a atitude dele”, comenta com um tom de revolta.
 Entre comentários sobre a cordialidade do racismo brasileiro, R. Silva revelava que se sentia envergonhado por ter o cabelo crespo e que resolveu alisá-lo para fugir dos apelidos que tanto estigmatizam essa característica afrodescendente. “A mídia, meus amigos, minha família e a sociedade como um todo sempre apontaram o cabelo liso como algo essencial, em termos de beleza”, justifica.
Ao ser questionado sobre como ele se sente hoje, o estudante muda totalmente de expressão e abre um sorriso acanhado que denota uma elevada autoestima: “Hoje eu me amo! Sinto-me uma pessoa bela, com o nariz, com o cabelo, com a boca e com a cor que eu possuo. Uma pessoa bela pelas particularidades que eu tenho!”, descreve-se sorrindo.

Jornalisticamente eu não deveria me meter, mas como o texto é meu e esse rapaz me representa enquanto cidadão negro, expresso aqui a minha indignação e vergonha por pertencer a uma sociedade suja e racista que não respeita ao menos os cachos dos nossos cabelos afro-descendentes!

Thais Vital