quinta-feira, 22 de maio de 2014

Efeitos da discriminação racial

    Desde muito pequenas, as crianças de diferentes grupos étnicos já passam por processo de discriminação muito cruel. Elas aprendem que existe um biotipo perfeito que aparece nos contos de fada e chegam ao mundo real. Vejamos neste vídeo postado no You Tube por Leonardo Lima, o preconceito e a falta de aceitação que as próprias crianças demonstram.


Jude Alves

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O que é quilombo?


Descrição para cegos: a ilustração traz o mapa da Paraíba com diversas divisões, mostrando os lugares onde estão os quilombos.
    Foto: AACADE

    O que você imagina ao ler a palavra QUILOMBO? Cotidianamente é comum as pessoas relacionarem as comunidades quilombolas a um local que abriga negros fugitivos. Essa ideia provém da época da escravização, mas atualmente não faz tanto sentido.
    Como foi informado na primeira postagem desse blog, a identidade étnica de um grupo é a base para sua forma de organização, de sua relação com os demais grupos e de sua ação política. Os fatores comuns definem a etnicidade de um povo.
   Com os quilombolas não é diferente, pois eles são grupos étnicos que se formam a partir das relações com a terra, o parentesco, a ancestralidade e as culturas próprias. As comunidades quilombolas também podem ser entendidas como um símbolo de resistência cultural.
    A maioria das comunidades quilombolas estão situadas em zonas rurais de difícil acesso onde falta água tratada, energia elétrica e, principalmente, educação. A construção de políticas pedagógicas educacionais nos quilombos tem que ser efetivada de acordo com as experiências das pessoas pertencentes àquela comunidade; por exemplo as relações na família, as tradições culturais e religiosas e o trabalho com a terra.
    Uma lei instituída em 2003 traz uma alternativa para valorização da cultura e da história quilombola e desconstrói os estigmas relacionados a essa população. A lei 10.639/03 torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e a luta dos negros no Brasil e a formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
    Na Paraíba existem 39 comunidades quilombolas identificadas. Destas, 37 são certificadas pela Fundação Cultural Palmares, que totaliza cerca de 2.500 famílias.
Thais Vital

sexta-feira, 16 de maio de 2014

“Negro sujo!”

Descrição para cegos: a imagem mostra o rosto de um homem negro e uma mão branca na frente do seu rosto.
Foto: Pixabay
Não sou negra, mas venho de uma família de negros e brancos, e apesar de nunca antes ter testemunhado um ato de racismo, o tema sempre me chamou atenção - talvez com menos importância que hoje. Nunca consegui entender porque as pessoas se importam tanto com a cor da pele, até o dia em que vi um rapaz ser humilhado em seu ambiente de trabalho, apenas por não ter nascido branco. O título deste texto foi retirado da boca de uma senhora, a qual é a “inspiração” deste escrito.
Aos berros a mulher xingava o cobrador, por ele não ter permitido que ela entrasse e saísse de um terminal de integração sem pagar outra passagem. Ele tentava explicar que foi a ordem que recebeu e que se ela insistisse, a passagem sairia do seu bolso e ele seria prejudicado. Nesse exato momento comecei a perceber que ela não estava com raiva do funcionário, mas do negro que “cruzou” o seu caminho naquela noite. “Negro, sujo! Negro devia não ter emprego, porque não sabe trabalhar. Só nasceu pra ser escravo mesmo”, gritava a mulher.
Além da raiva que tomou conta de mim, senti uma enorme vergonha. Vergonha por ser branca, vergonha por não ter feito nada no momento, vergonha por sentir pena do rapaz, vergonha por pertencer a essa sociedade que aceita o negro, que tem amigos negros, contanto que não estejam em suas famílias.
Hoje percebo que o rapaz não precisa da minha pena, não precisa da minha vergonha. Os negros precisam sim, que eu entenda o preconceito que me rodeia, entenda que o racismo tem que ser combatido, que o negro não era escravo, mas foi escravizado.
Minha função é retirar as cortinas que encobrem as janelas do racismo, e eu começo por esse texto.
Poliana Lemos

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Diversidade Étnica no ambiente escolar

Descrição para cegos: a foto retrata dois meninos, um branco e um negro de mãos dadas. Ao fundo, 8 crianças e 5 adultos estão abraçados.
Foto: Rogério Capela

O tema da diversidade étnico-racial deveria começar a ser debatido nos primeiros anos escolares. A determinação de uma só cultura, além de anular a identidade das pessoas, vem distorcer o entendimento da realidade, principalmente quando falamos em crianças.
Não podemos permanecer admitindo que o outro, visto como “diferente”, tenha que se reprimir ou aderir à cultura de quem controla o poder, mandando e determinando o que é apropriado.
O ambiente escolar é o lugar onde os níveis sociais e as classes marginalizadas e menos privilegiadas pela sociedade dão início a um período de transição do seu modelo de vida, jeito de ser, aprender e de significar. A escola constitui também o recinto onde esses grupos e classes veem a oportunidade da transformação e crescimento social, cultural e econômico. Nesse espaço é muito comum vermos também a aparição de um modelo cultural que é tido como mais significante que os outros. E é exatamente essa atitude de uma só cultura, que exclui e reprime, que precisa ser verificada e eliminada das atividades no seio dos estabelecimentos de ensino, que se apresentam desde os níveis de base, passando pelo Médio e chegando até o nível Superior.
Dessa forma é que diferentes grupos étnicos vêm trabalhando atualmente pelo reconhecimento cultural. Deseja-se um desenvolvimento social novo, combate-se através da superação da discriminação, do abuso e das desigualdades entre os povos toda essa exclusão e exploração de grupos étnicos. Por intervenção da cultura almeja-se garantir nessa natureza de diversidades as diversas individualidades.


 Jude Alves

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Afinal, somos todos macacos?

      
   
Descrição para cegos: a imagem é uma montagem com diversas fotos de macacos.
Foto: Freepik

    A campanha publicitária “#Somostodosmacacos” continua sendo motivo de repercussão em todo o mundo. A atitude inusitada do jogador do time do Barcelona, o brasileiro Daniel Alves, de comer uma banana que fora jogada no gramado, reacendeu a discussão sobre o racismo. Mas será que nos comparando a macacos, não estaríamos nos segregando dos nossos irmãos brancos, amarelos, ou de qualquer outra cor de pele em questão?
    O racismo é uma via de mão dupla. Existem aqueles que sofrem a discriminação e os que se auto discriminam. Consigo visualizar os dois neste caso. Em um primeiro momento ocorre a discriminação por parte do torcedor do Villareal. O ato de jogar a fruta, fazendo assim referencia ao macaco, afirmando que pessoas que não tem a pele branca são seres inferiores.  Mas devemos aqui fazer uma ressalva: nem todas as espécies de macacos tem a pelagem preta. Assim como nós humanos, existem macacos brancos, pardos e amarelos. Contudo, comprando esta ideia e nos comparando a esses primatas, traçamos assim uma divisão com as outras etnias humanas, e nos excluímos da condição de Homo Sapiens, seres evoluídos assim como todo o resto da humanidade. Não somos diferentes. Somos todos pertencentes à raça humana.
    Apesar de ser um esporte de origem ariana, oriundo da Inglaterra, o futebol teve que se curvar a genialidade do rei Pelé e de tantos outros negros que já desfilaram e até hoje desfilam seus dribles e passes desconcertantes que fazem a alegria de todos os torcedores. Sendo assim, acredito que não somos macacos. Somos humanos e o nosso dever é lutar contra a discriminação racial e mostrarmos que somos todos iguais.

Wanderson Fernandes

terça-feira, 13 de maio de 2014

Tudo junto e misturado? Nem tanto...

        

Descrição para cegos: a ilustração de fundo negro traz uma pergunta dentro de um balão amarelo: Nós vivemos uma democracia racial?
Foto: Thais Vital

      O mito da democracia racial é a ideia de que existe no Brasil uma convivência pacífica nas relações étnico-raciais e que, na prática, todos têm direitos iguais na sociedade. É decepcionante saber que existem pessoas adeptas a essa ideologia Freyreana. É sobre isso e as famosas bananas que tomaram conta dos campos de futebol que a jornalista Silvia Elaine disserta no texto a seguir, publicado no Observatório da Imprensa.
(Thais Vital)
Tudo junto e misturado? Nem tanto...

     Os brasileiros têm vivenciado uma situação intrigante. Com o advento da Copa do Mundo, os olhos do planeta se voltam para cá. E que imagem este mundo tem de nós, brasileiros? Alguns mitos precisam ser problematizados, como a nossa tão ilusória “democracia racial”. A ideia de que nossas relações sociais se dão harmoniosamente no campo racial.
      Algumas características marcam o racismo enquanto ideologia. Entre elas, podemos citar a animalização do outro e a naturalização das hierarquias sociais. A animalização quase sempre acontece por meio da piada, ou da chacota, e interioriza um pensamento de inferioridade deste outro. “Cada macaco no seu galho”, como diz a música e ironizou, em seu programa semanal, Fernanda Lima no contexto da sua indicação a apresentadora oficial do sorteio da Copa do Mundo, no fim do ano passado. Segundo rumores, Camila Pitanga e Lázaro Ramos (negros) teriam sido vetados pela Fifa como apresentadores do evento. A modelo e apresentadora, ao lado de seu marido, Rodrigo Hilbert (ambos loiros), teriam sido escolhidos para a substituição. Um dia após a polêmica, a música foi tema de abertura do programa semanal Amor e Sexo, da Rede Globo, no qual Fernanda Lima é apresentadora.

sábado, 10 de maio de 2014

Discriminação racial: Percepções de quem sente na pele

Descrição para cegos: a imagem tem duas faixas menores nas cores amarelo e vermelho, e uma maior de cor preta. Dentro da última, destaca-se a seguinte frase, em branco: "Alisei meus cabelos dos 15 aos 23 anos e sempre tive vergonha da forma como ele era".
                                           Foto: Thais Vital

“Alisei meus cabelos dos 15 aos 23 anos e sempre tive vergonha da forma como ele era, achava-o feio e as pessoas sempre reforçaram isso”. Foi assim que a nossa conversa começou. Num tom que variava entre a revolta e a decepção. Com uma infância marcada pela discriminação racial, R. Silva luta contra o racismo diariamente, seja na universidade ou na conversa entre amigos.
Com os dedos timidamente enrolando os pequenos cachos do cabelo, o rapaz de 24 anos, estudante de Letras na Universidade Federal da Paraíba, revelava o sentimento de tristeza ao relatar as atitudes discriminatórias sofridas desde os 10 anos de idade. “Uma vez fui ao supermercado e o gerente pediu que me revistassem desconfiando que eu havia roubado algo do estabelecimento, mesmo que eu não demonstrasse nenhuma ação que justificasse a atitude dele”, comenta com um tom de revolta.
 Entre comentários sobre a cordialidade do racismo brasileiro, R. Silva revelava que se sentia envergonhado por ter o cabelo crespo e que resolveu alisá-lo para fugir dos apelidos que tanto estigmatizam essa característica afrodescendente. “A mídia, meus amigos, minha família e a sociedade como um todo sempre apontaram o cabelo liso como algo essencial, em termos de beleza”, justifica.
Ao ser questionado sobre como ele se sente hoje, o estudante muda totalmente de expressão e abre um sorriso acanhado que denota uma elevada autoestima: “Hoje eu me amo! Sinto-me uma pessoa bela, com o nariz, com o cabelo, com a boca e com a cor que eu possuo. Uma pessoa bela pelas particularidades que eu tenho!”, descreve-se sorrindo.

Jornalisticamente eu não deveria me meter, mas como o texto é meu e esse rapaz me representa enquanto cidadão negro, expresso aqui a minha indignação e vergonha por pertencer a uma sociedade suja e racista que não respeita ao menos os cachos dos nossos cabelos afro-descendentes!

Thais Vital

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Bem-vindo! Vamos discutir sobre Diversidade Étnica?

Descrição para cegos: a imagem mostra o mapa do Brasil. Dentro dele, estão: uma criança negra na parte superior esquerda, uma mulher negra na direita e um grupo de indios na parte inferior central.
Foto: Poliana Lemos

Etnia é o termo utilizado para nomear um determinado grupo de pessoas que compartilham dos mesmos interesses, sejam eles de idioma, cultura, tradições ou costumes. Algumas pessoas, ou mesmo dicionários, costumam associar o conceito de etnia ao de raça, o que é um equívoco. Enquanto a etnia está agregada a determinada percepção comum sobre algo, a raça está ligada aos traços biológicos dos seres, sejam eles humanos, ou até mesmo de animais.
Apesar de a expressão ser utilizada com mais frequência para designar grupos indígenas ou de nativos, a palavra deve ser empregada para representar vários grupos étnicos, como religioso, por exemplo. Nesse sentido, entendemos que etnia é uma locução que está em constante movimento, já que o aumento da população, ou mesmo o contato de um povo com outro, pode provocar uma mudança étnica e o surgimento de novos grupos.
Como podemos perceber, a expressão é de difícil conceituação e é muito mais abrangente do que raça, por isso o tema deve ser estudado e discutido com bastante cuidado. Também não podemos esquecer de que em determinadas situações, a etnia também pode ser empregada de maneira pejorativa, podendo disfarçar um preconceito.
Diante da diversidade e complexidade que envolve os grupos étnicos, este blog, “Diversidade Étnica”, traz como finalidade o debate de temas como: preconceito, racismo, cultura afro-brasileira, indígena, quilombolas, entre outros.
Criado por alunos do curso de Comunicação Social da UFPB, para a disciplina de Jornalismo e Cidadania, ministrada pelo professor Carmélio Reynaldo, este espaço também destina-se a prestar uma contribuição para os Direitos Humanos.
Agradecemos aos leitores e esperamos que curtam a página.
Poliana Lemos