segunda-feira, 30 de junho de 2014

O jornalista como agente de combate ao racismo


    
Descrição para cegos: a imagem mostra as palavras JORNALISMO, RACISMO, ESTEREÓTIPO, DISCRIMINAÇÃO E SOCIEDADE espalhadas e distorcidas.
Foto: Thais Vital

     A obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana e a contribuição desses povos para a formação da sociedade brasileira em todos os níveis de escolaridade pode ser considerada um grande avanço na luta pelo combate a discriminação racial.
    A lei 10.639/03 é uma das ferramentas fundamentais para disseminar através da educação brasileira a cultura e o combate à discriminação racial e propõe novas diretrizes curriculares nesse sentido. Por exemplo, os professores devem ressaltar em sala de aula os negros como sujeitos históricos, valorizando o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros brasileiros, bem como a cultura e as religiões de matrizes africanas.
   Entretanto, esse combate deve ser instaurado em todas as esferas da sociedade brasileira, sendo o jornalismo outra ferramenta essencial. Infelizmente, o número de jornalistas negros é ainda muito baixo. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, apenas 15,7% dos jornalistas eram negros. Em 2013, o levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostrou que as mulheres, brancas e jovens representam 64% dos jornalistas brasileiros, enquanto os negros e as negras jornalistas somam apenas 23% desses profissionais, sendo 5% negros e 18% pardos, o que não equivale ao percentual de 50,74% de pretos e pardos (negros) na sociedade brasileira, segundo o IBGE.
    Uma das grandes iniciativas dos poucos jornalistas negros no Brasil para combater a discriminação racial no campo da comunicação foi a criação das Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira), em 2001, em todos os estados brasileiros. Na Paraíba, essa comissão foi criada em 2009 por 19 jornalistas negros em busca da promoção da igualdade racial e do combate ao racismo no meio jornalístico. Se todos os nossos jornalistas tivessem uma formação anti-racista, a luta pelo combate desse tipo de violência teria um aliado essencial e muito forte. Prova disso é que, conforme o jornalista Flávio Carrança descreve em seu artigo publicado no livro Mídia e Racismo, nas pautas jornalísticas quando o negro é eleito um personagem da história, ora ele é considerado o pobre, coitadinho, que mora na favela e não tem acesso a educação, ora é tido como o exemplo de superação, que, por ser negro, não é normal que consiga sucesso.
     Acredito que é preciso muita dedicação e atenção na formação dos profissionais formadores de opinião. Eles são uma das fontes de informações mais acessíveis da sociedade e por isso necessitam de uma formação adequada no que tange à temática das relações étnico-raciais.
Thais Vital 

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