terça-feira, 13 de novembro de 2018

O racismo contra os quilombolas e a luta pelo direito de existir

Descrição para cegos:
Quilombos participam de um festival cultural dentro
da própria comunidade quilombola.
(Foto: Raízes Desenvolvimento Sustentável)

                                                                                                                  Por Manoel Holanda

       Os quilombos fazem parte de uma época triste da nossa história, e a escravidão deixou profundas marcas no país. Ainda hoje, comunidades quilombolas remanescentes lutam diariamente por espaço e garantia nas políticas inclusivas sociais. Mais do que direito à saúde ou à educação, os quilombos estão tendo que lutar por algo ainda mais significativo: o direito à vida.
       Inédito no país, um levantamento realizado pela ONG Terra de Direitos e a Confederação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), apontou que 2017 foi o ano mais violento para as comunidades quilombolas, com 18 assassinatos registrados. Um aumento de 350% em comparação a 2016.
       Entre as regiões do Brasil, o Nordeste foi o que mais registrou assassinatos de quilombolas. O aumento desses números é resultado de inúmeras ocorrências de chacinas contra essas populações. No total, foram registradas 113 ocorrências somente em 2017.
       Segundo a Conaq, ao todo, existem cerca de 3.200 comunidades quilombolas oficialmente reconhecidas no Brasil, mas, por conta dos impasses políticos, menos de 300 delas têm o título da terra que ocupam. A disputa territorial é um dos fatores que colocam em risco a vida dos quilombos.
       É notória a situação de vulnerabilidade que as comunidades quilombolas se encontram atualmente. São vidas que estão sendo perdidas em defesa do território, e para pôr um basta a essa violência desenfreada, o Estado precisa encarar a realidade.
       Desde o fim da escravidão, vemos a trajetória de luta do movimento negro, mas percebe-se que os avanços caminham a passos lentos, sobretudo com relação à proteção jurídica e à implementação de políticas públicas para as comunidades quilombolas. Mais do que reconhecer esse problema, o Estado precisa ampliar a discussão, eliminando todas as barreiras e promovendo ações que possam contribuir para a diminuição do racismo e da desigualdade racial. Os quilombos exigem respeito.        

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