quinta-feira, 15 de novembro de 2018

A pluralidade nas passarelas do Brasil

Descrição para cegos: Modelos negras desfilando na passarela
 da São Paulo Fashion Week, o maior evento de moda no Brasil.
(Foto: Duda Buchmann) 


                                                                                                                  Por Manoel Holanda


         No final do mês passado foi realizada mais uma edição da São Paulo Fashion Week, o evento de moda mais importante do país, além de ser também a quinta maior semana de moda no mundo. E, após mais uma edição concluída, foi possível notar o aumento do número de modelos negros em relação a anos anteriores, mas, mesmo com a diversidade crescendo nos desfiles, o número de brancos ainda é maior.
       Padrões estão sendo quebrados, estereótipos ficando para trás, e o conceito de representatividade ganhando cada vez mais importância. Há quase dez anos, os organizadores da São Paulo Fashion Week assinaram um acordo junto ao Ministério Público, firmando um compromisso de garantir a presença de que pelo menos 10% dos modelos fossem negros, afrodescendentes ou indígenas.
         Este ano, dos 976 looks que foram apresentados no evento, 280 foram vestidos por negros e afrodescendentes, o que representa 28% do total, ou seja, acima do compromisso estabelecido com o Ministério Público. Apesar disso, muitas marcas que estiveram presentes na SPFW nem sequer conseguiram atingir o mínimo de 10%. O resultado mais negativo foi da marca Glória Coelho, onde das 51 modelos que desfilaram, apenas uma era negra. Outro ponto a ser levantado é que a maioria das participações dos negros e afrodescendentes nos desfiles da São Paulo Fashion Week foram em grifes menores, ou seja, um reflexo de que as maiores não estão demonstrando ter a mesma preocupação com essa causa social.
       Em 2008, um ano antes da SPFW assinar o acordo de comprometimento, existiam apenas oito negros entre os 344 modelos que desfilaram no evento. Menos de 2,5% do total. Uma prova que, mesmo a passos lentos, a desigualdade nas passarelas está diminuindo a cada ano.

       Vivemos em um país que possui, eu sua maioria, uma população negra e mestiça, que não se vê representada por um padrão europeu de beleza e cor de pele, e a sociedade brasileira tem cobrado a diversidade nas passarelas. Dessa forma, as marcas estão, mesmo que com certa resistência, atendendo a esse pedido. A bandeira da pluralidade está erguida, e a sociedade será o maior incentivo para que as marcas entendam a necessidade de apresentar um número maior de modelos negros nas passarelas do Brasil e do mundo. Chegou a hora de quebrar novos tabus. 

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