quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Democracia pra quem?

Descrição para cegos: imagem do Senado Federal visto de cima.
(Foto: Agência Senado)
       
                                                                                                                           Por Manoel Holanda


       Chegamos ao final de um período político bastante conturbado, e, entre tantas incertezas, ficamos com a certeza de que a democracia racial ainda não chegou ao Brasil. E sim, o resultado das eleições é a prova concreta do que estou falando.
             Ora, somos o país com a segunda  maior população negra do mundo, mas, apesar disso, a participação dos negros na política ainda é extremamente injusta e desigual em todo o território, inclusive aqui na Paraíba. Essa falta de representatividade reforça e reproduz uma diferença já existente desde os tempos da escravidão.
        Entre os 7 candidatos que concorreram a uma vaga ao Senado na Paraíba, nenhum deles era autodeclarado negro. E os dois eleitos são de cor branca, conforme informado à Justiça Eleitoral. É possível consultar todos os detalhes das candidaturas no site oficial do Tribunal Superior Eleitoral.
        A ausência dos negros na política da Paraíba também pode ser constatada se reunirmos os dados dos doze deputados federais eleitos no último dia 7. Dentre eles, apenas um é autodeclarado negro, enquanto que 58% da bancada paraibana na Câmara será formada por brancos.
         Pois bem, não é preciso ser um especialista no assunto para perceber que algo está errado. Um estado onde a maioria é de cor negra, mas que serão mais uma vez representados pelos brancos. Como pode? Logo a Paraíba, onde os negros sempre tiveram um papel de destaque na composição histórica do nosso povo.
         Por isso, acredito que precisamos refletir sobre a valorização da nossa luta e da nossa história em tempos de resistência. Apesar de existirem poucos estudos sobre o tema, a grande maioria dos candidatos aqui na Paraíba encontram muitas dificuldades para conseguir dar continuidade ao processo. A falta de apoio financeiro e material são alguns desses problemas.
    Diante dessa realidade, o Estado tem a obrigação de implementar políticas públicas voltadas à inclusão dos negros na política, e a sociedade precisa compreender a importância da pluralidade na hora de escolher os seus candidatos. Talvez se faça necessária até a criação de uma política de equidade racial, que pudesse permitir uma presença mínima e obrigatória de políticos negros nos espaços de decisão e poder. 
       Só assim, poderemos acreditar em alguma mudança nesse cenário.  Todos nós brasileiros precisamos nos unir em busca de mais uma conquista democrática racial do país, e talvez uma das mais importantes. Só com uma pluralidade na política será possível sonhar com um país mais justo e com menos desigualdades.

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