domingo, 11 de novembro de 2018

Mais um caso de racismo no esporte. Até quando?


Descrição para cegos: imagem da atleta Gilvana Mendes Nogueira 
atuando pela Seleção Brasileira
(Foto: Divulgação/CBH)
   
                                                                                       Por Manoel Holanda

       Nos últimos anos, tem sido comum vermos na mídia matérias sobre racismo no esporte. Recentemente, a vítima da intolerância foi a atleta Gilvana Mendes Nogueira, durante uma partida válida pelas oitavas de final da Liga Nacional de Handebol Feminino, em Blumenau-SC.  
       A atleta maranhense foi vítima de racismo praticado por um torcedor que estava nas arquibancadas. Gilvana contou que o torcedor disse para ela “voltar para a senzala”, além de ser xingada de “vaca preta”, entre outras ofensas. Gilvana prestou um boletim de ocorrência e o caso está sendo investigado. 
       Infelizmente, a atitude desse torcedor reforça a ideia de que, mesmo após o fim da escravidão, há mais de 100 anos (a escravidão acabou formalmente em 1888), ainda estamos com a herança maldita do racismo e muitas outras pessoas são vítimas dessa intolerância diariamente.
       O caso de Gilvana serve de alerta para uma sociedade que ainda recusa reconhecer a presença do racismo no esporte como um fenômeno bem mais complexo do que tratamos hoje. Do contrário, de nada vai adiantar as campanhas dos clubes, quando, na verdade, o tema não é abordado com a seriedade que deveria ter.  
       Estudos como o do Observatório Racial no Futebol comprovam que estamos vivenciando um crescimento do racismo no esporte brasileiro. Desde que o levantamento passou a ser feito, em 2014, o Observatório constatou 123 casos de discriminação racial. Desses, somente 15 terminaram com condenações, menos de 12% do total. O baixo índice dá uma dimensão do tamanho do problema.  

       Faz-se necessário uma compreensão mais ampla do tema, pois, mesmo com uma representatividade cada vez maior dos negros em quase todas as modalidades esportivas no país, a sociedade ainda não conseguiu dar um basta à explosão da intolerância e ao avanço do racismo. Com isso, é papel de cada um de nós reconhecer que, embora pareça surreal, ainda precisamos falar do racismo. E com urgência. 

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