Por
Annaline Araújo
A
Articulação de Mulheres da UFPB realizou no início de abril o seminário
“Mulheres e Universidade: por uma política institucional de combate às
opressões”. O evento teve o intuito de compartilhar as opressões vivenciadas
dentro da universidade e construir propostas para seu enfrentamento.
As
índias potiguaras Danieide Silva, Sanderline Ribeiro e Antônia do Nascimento
fizeram parte do grupo de trabalho “mulheres indígenas” representando o campus
IV, da cidade de Rio Tinto, na Paraíba. O grupo de trabalho foi proposto para
que as mulheres pudessem relatar as experiências amargas das opressões
vivenciadas por ser mulher e, além do mais, indígena.
“Nós primeiro sofremos com a questão da nossa identidade e depois por sermos mulheres”, ressaltou Danieide Silva, relatando que o preconceito parte de alguns professores e alunos que não se interessam em conhecer a realidade e a história dos povos indígenas e as tratam a partir dos estereótipos machistas e raciais.
Sanderline
Ribeiro contou que os assédios mais comuns vivenciados por elas são as
brincadeiras pejorativas, a forma como são tratadas pelo estereótipo, fazendo
com que sejam alvo de fetiche, como um objeto de imaginação sexual. Aludindo à
tradição que considera a pintura a real vestimenta dos potiguaras, ela onservou:
“A minha roupa é a pintura, imagina se a gente fosse exercer o nosso direito de
andar pintada? ”
Elas
enfatizaram o agravante de que o preconceito ocorre até mesmo nas salas de aula
da universidade, partindo, muitas vezes, de quem deveria atuar para combatê-lo,
e que isso se dá em um campus que teve como um dos pilares para sua implantação
a aproximação com os povos indígenas do litoral norte da Paraíba,
A ausência de denúncias
surge, muitas vezes, por medo de serem marcadas e sofrerem retaliações. “A
falta de visibilidade da realidade indígena, dentro do campo acadêmico, reflete
muito na sociedade, aumentando o preconceito e reforçando os estereótipos que
contribuem para o assédio”, disse Antônia Nascimento, que propôs políticas de
visibilidade dentro e fora das universidades, no sentido de diminuir o
preconceito.
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