sexta-feira, 14 de abril de 2017

Mulher indígena, opressão e retaliação

Descrição para cegos: foto das 3 índias potiguaras em pé, uma do lado da outra. À esquerda está Danieide Silva com uma coroa de flores na cabeça e segurando um chocalho; no centro, Antônia do Nascimento, que usa um cocar, tem um colar no pescoço e uma folha pintada em seu braço direito; à direita está Sanderline Ribeiro falando ao microfone, com um chocalho, o cocar na cabeça e um bracelete de penas no braço.

Por Annaline Araújo

A Articulação de Mulheres da UFPB realizou no início de abril o seminário “Mulheres e Universidade: por uma política institucional de combate às opressões”. O evento teve o intuito de compartilhar as opressões vivenciadas dentro da universidade e construir propostas para seu enfrentamento.
As índias potiguaras Danieide Silva, Sanderline Ribeiro e Antônia do Nascimento fizeram parte do grupo de trabalho “mulheres indígenas” representando o campus IV, da cidade de Rio Tinto, na Paraíba. O grupo de trabalho foi proposto para que as mulheres pudessem relatar as experiências amargas das opressões vivenciadas por ser mulher e, além do mais, indígena.



“Nós primeiro sofremos com a questão da nossa identidade e depois por sermos mulheres”, ressaltou Danieide Silva, relatando que o preconceito parte de alguns professores e alunos que não se interessam em conhecer a realidade e a história dos povos indígenas e as tratam a partir dos estereótipos machistas e raciais.
Sanderline Ribeiro contou que os assédios mais comuns vivenciados por elas são as brincadeiras pejorativas, a forma como são tratadas pelo estereótipo, fazendo com que sejam alvo de fetiche, como um objeto de imaginação sexual. Aludindo à tradição que considera a pintura a real vestimenta dos potiguaras, ela onservou: “A minha roupa é a pintura, imagina se a gente fosse exercer o nosso direito de andar pintada? ”
Elas enfatizaram o agravante de que o preconceito ocorre até mesmo nas salas de aula da universidade, partindo, muitas vezes, de quem deveria atuar para combatê-lo, e que isso se dá em um campus que teve como um dos pilares para sua implantação a aproximação com os povos indígenas do litoral norte da Paraíba,
         A ausência de denúncias surge, muitas vezes, por medo de serem marcadas e sofrerem retaliações. “A falta de visibilidade da realidade indígena, dentro do campo acadêmico, reflete muito na sociedade, aumentando o preconceito e reforçando os estereótipos que contribuem para o assédio”, disse Antônia Nascimento, que propôs políticas de visibilidade dentro e fora das universidades, no sentido de diminuir o preconceito.

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