sábado, 25 de fevereiro de 2017

Jovem aprovada na USP vira símbolo de superação



Descrição para cegos: Bruna está de óculos  com o rosto  pintado olhando para a câmera de boca aberta. (Foto: Revista Fórum)



Por Elizabeth Souza
   

“A casa grande surta quando a senzala vira médica.” Esta frase viralizou nas redes sociais após o resultado do vestibular 2017 da USP. A autora dessas penetrantes palavras é Bruna Sena, 17 anos, negra, pobre, estudante de escola pública e primeiro lugar no concurso mais concorrido da Fuvest 2017.
Desde cedo, Bruna descobriu as dificuldades que pessoas negras enfrentam no Brasil. Criada pela mãe, operadora de caixa de supermercado, a estudante que concluiu o ensino médio em escola pública, conseguiu se preparar para o vestibular através de uma bolsa de estudo que lhe deu direito a fazer cursinho preparatório.


A meritocracia é um dos termos mais utilizados para definir conquistas como a de Bruna, mas a jovem desmistifica esse conceito, pois, para ela “a meritocracia é uma falácia”, não há possibilidades de equiparar pessoas detentoras de oportunidades diferentes. Segundo a jovem, apesar de todo o esforço, ela não teria conseguido a aprovação se não fosse a ajuda do cursinho pré-vestibular. Em entrevista ao portal Saúde Popular declarou: “E é isso que a gente tem que dar para quem não tem oportunidade. A gente perde muitos gênios por aí, inclusive nas favelas, porque não podem estudar”.
O predomínio de alunos no curso de Medicina da USP é de pessoas majoritariamente brancas. Hoje, Bruna será uma das poucas mulheres negras a ocupar uma vaga ali. Isso nos faz perceber a desigualdade existente entre as oportunidades oferecidas a negros e brancos no país. Ainda é necessária a quebra de muitas barreiras que impedem o avanço do Brasil no que diz respeito à igualdade racial e social para que ele se torne, de fato, um país de todos.
Contudo, são histórias como a de Bruna que nos fazem perceber que, em meio às desigualdades as quais somos submetidos, existe dentro de cada um de nós, negros e negras, um pouco de Zumbi, Dandara, Carolina de Jesus, Angela Davis, Martin Luther King e tantos outros que deixaram e continuam construindo um legado que inspira as gerações futuras a querer participar dessa luta que tem como principal objetivo conquistar o espaço que também é nosso por direito.

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