Descrição para cegos: Bruna está de óculos com o rosto pintado olhando para a câmera de boca aberta. (Foto: Revista Fórum) |
Por Elizabeth Souza
“A
casa grande surta quando a senzala vira médica.” Esta frase viralizou nas redes
sociais após o resultado do vestibular 2017 da USP. A autora dessas penetrantes
palavras é Bruna Sena, 17 anos, negra, pobre, estudante de escola pública e
primeiro lugar no concurso mais concorrido da Fuvest 2017.
Desde
cedo, Bruna descobriu as dificuldades que pessoas negras enfrentam no Brasil.
Criada pela mãe, operadora de caixa de supermercado, a estudante que concluiu o
ensino médio em escola pública, conseguiu se preparar para o vestibular através
de uma bolsa de estudo que lhe deu direito a fazer cursinho preparatório.
A meritocracia é um dos termos mais utilizados para definir conquistas como a de Bruna, mas a jovem desmistifica esse conceito, pois, para ela “a meritocracia é uma falácia”, não há possibilidades de equiparar pessoas detentoras de oportunidades diferentes. Segundo a jovem, apesar de todo o esforço, ela não teria conseguido a aprovação se não fosse a ajuda do cursinho pré-vestibular. Em entrevista ao portal Saúde Popular declarou: “E é isso que a gente tem que dar para quem não tem oportunidade. A gente perde muitos gênios por aí, inclusive nas favelas, porque não podem estudar”.
O predomínio
de alunos no curso de Medicina da USP é de pessoas majoritariamente brancas. Hoje,
Bruna será uma das poucas mulheres negras a ocupar uma vaga ali. Isso nos faz
perceber a desigualdade existente entre as oportunidades oferecidas a negros e
brancos no país. Ainda é necessária a quebra de muitas barreiras que impedem o
avanço do Brasil no que diz respeito à igualdade racial e social para que ele
se torne, de fato, um país de todos.
Contudo,
são histórias como a de Bruna que nos fazem perceber que, em meio às
desigualdades as quais somos submetidos, existe dentro de cada um de nós,
negros e negras, um pouco de Zumbi, Dandara, Carolina de Jesus, Angela Davis,
Martin Luther King e tantos outros que deixaram e continuam construindo um
legado que inspira as gerações futuras a querer participar dessa luta que tem
como principal objetivo conquistar o espaço que também é nosso por direito.
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