domingo, 20 de novembro de 2016

A consciência negra de resistir

Descrição para cegos: a foto ilustra o busto de Zumbi dos Palmares, em Brasília (DF). Embaixo dele há os seguintes dizeres: ZUMBI DOS PALMARES O LÍDER NEGRO DE TODAS AS RAÇAS.
                                               Por Danilo Monteiro

Comemorado em 20 de novembro, o Dia Nacional da Consciência Negra é um marco na luta das pessoas negras em busca da igualdade étnico-racial. A data foi escolhida em memória à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e importante figura da resistência negra à escravidão.
Falar sobre Consciência Negra dá visibilidade a nós, pretos e pretas, que sofremos ainda hoje as consequências de três séculos de escravismo e que sentimos na pele os efeitos do racismo estruturado na sociedade.



Discutir o abismo social existente entre negros e não-negros incomoda, mexe na ferida. Alguns argumentam que a existência de um dia que promova essas discussões gera uma segregação ainda maior entre as raças ou que “os negros gostam de bancar as vítimas da sociedade”.
De fato, nós somos vítimas, pois sofremos mais violência que as pessoas brancas. De acordo com uma pesquisa do Ipea de 2010, a chance de um indivíduo ser assassinado aumenta em oito pontos percentuais se sua pele for preta ou parda.
Também somos vítimas de um sistema que privilegia as pessoas brancas no aspecto socioeconômico. Segundo um estudo do Ipea de 2014, a renda dos brancos é 40% maior que a dos negros. Isso mostra que, se existe uma segregação social, ela não é promovida por pessoas negras.
O Dia Nacional da Consciência Negra serve para mostrar que não abriremos mão dos nossos direitos e continuaremos a denunciar a gritante desigualdade social no Brasil. Que figuras como Zumbi e Dandara não sejam esquecidas. Assim como um dia eles resistiram à escravidão, nós resistimos ao racismo e resistiremos conscientes de nossa história.

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