Na última quinta-feira (28) o Centro de Comunicação
Turismo e Artes (CCTA), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) foi palco do
Slam das Carolinas, promovido pelo Centro Acadêmico do curso de Jornalismo.
O evento contou com batalha de Mc’s, poesia e pocket shows. O Slam foi pensado pela
organização para denunciar os casos de racismo que vem sendo frequentes no
CCTA. O estopim para os alunos fazerem o ato, foi uma estudante do primeiro
período de jornalismo ter sido vítima de racismo, dentro da sala de aula e
ninguém ter se posicionado, nem o professor e muito menos, os alunos. A estudante
que passou pelo episódio de discriminação é umas das coordenadoras, do Centro Acadêmico
e resolveu não deixar a situação por “debaixo dos panos”.
Segundo Mônica Mendonça, estudante de Jornalismo e umas
das coordenadoras do Centro Acadêmico, a universidade deve abrir espaços para
as pessoas que nunca são ouvidas na sociedade, por isso a proposta de realizar um
Slam e não uma palestra. “Será que esses comunicadores têm consciência que tem
um papel importante nessa luta? Como fazer essa luta? Será que temos que dar
voz as pessoas certas? Será que a gente não deve dar voz a periferia que talvez
nunca vá conseguir entrar na universidade para vim falar? Nisso veio a
proposta do Slam, que é poesia aberta, rimas, batalha de Mc’s e todos
esses elementos de uma cultura marginal”, questinou Mônica.
Antes mesmo do evento começar, uma professora branca, do
curso de Artes, agrediu uma das organizadoras verbalmente e fisicamente. Segundo
a docente, o evento iria atrapalhar a sua aula, mesmo o Slam tendo autorização
da administração do CCTA para acontecer. A estudante organizadora, que sofreu as
agressões- que não quis ser identificada- disse sobre o caso:
“Por volta de uma da tarde, a professora se dirigiu ao
pessoal que estava comandando a mesa de som, e disse que eles tinham dez
minutos para desmontar tudo e ir embora. Eu a vi falando com eles dessa forma,
tapando os ouvidos para não ouvir as músicas que estavam discotecando, eu
fiquei me sentindo constrangida por eles terem sido atacados”.
A estudante ainda conta que foi atrás da docente para
tentar dialogar. “Eu fui atrás dela, e fiquei chamando ‘professora’,
‘professora’, mas ela continuou me ignorando, e virou com um tom alterado, pegou no
meu pulso, me puxou no sentido da direção do centro, disse que tínhamos dez
minutos para desmontar tudo e que não queria nenhuma batucada atrapalhando a
sua aula”.
No entanto, a estudante afirma que comunicou à
professora que o evento tinha autorização para acontecer, mas ainda assim a
docente se mostrou inflexível e em tom ameaçador exigiu que os equipamentos
fossem desligados. “Ela virou as costas e saiu andando, e quando a gente
começou o Slam ela estava entrando na
sala de aula falando lá de cima para que eu desligasse e eu no microfone só
disse ‘boa tarde’. Depois disso, no final do evento, ela chegou em mim e
novamente fez o mesmo aperto no pulso e disse que não tinha nada contra o fato
de sermos pretos, mas que estaríamos desrespeitando a aula”, declarou a aluna.
Enquanto os participantes e estudantes estavam
denunciando os casos de racismo, no Centro de Comunicação Turismo e Arte, outra
professora com os seus alunos começaram a proferir ofensas e gritos para que o evento acabasse, mas os/as discentes continuaram a fazer as
denúncias.
A energia terminou sendo cortada, o que para
os estudantes não foi coincidência. Desse modo, o Slam foi obrigado a se mudar
para a Praça da Alegria, no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
O primeiro Slam da história do CCTA incomodou, porque
veio escancarar a face racista, hipócrita e elitista do centro. Os estudantes
prometem realizar outras edições para que pessoas negras ocupem cada vez mais os
espaços da universidade.
Mônica resumiu o que desejava do evento: “A
gente espera que seja um impacto no CCTA inteiro para mostrar que existem
alunos periféricos, negros e outras demandas que não só rodas de conversa, no
cine Aruanda, ou na sala de reuniões que precisam acontecer”. O Slam das
Carolinas mostrou que narrativas marginais resistem.
O racismo existe com certeza, eé percebido através das ações das pessoas que se acham brancas, só acham, pq nós somos um país missigenado, somos uma só raça, ou seja somos raça humana .
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