Por Sofia Debbaudt
Descrição
para cegos: A imagem mostra a bandeira do povo cigano, em destaque em uma
manifestação.
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Essa data foi escolhida em 1972, data que ocorreu o
primeiro encontro internacional de ciganos, na Inglaterra. Assim, o dia (08) de
abril foi institucionalizado pela ONU como data comemorativa.
A história do povo cigano é carregada de
incertezas, suposições e controvérsias, pois são ágrafos, ou seja, passam seus
conhecimentos e experiências por meio oral, sem registrar por meio da escrita.
Além de não darem importância a esses registros, não há esforços para manterem
e irem atrás do passado, assim como não há para manterem-se unidos hoje. Por
isso, muito da sua trajetória se perdeu, e é carregada de mitos e contada pelos
brancos. Não podemos encontrar documentos e registros que expliquem suas
origens e costumes.
O universo
dos ciganos é tão antigo, extenso, bombardeado de crenças e mitos que nem mesmo
eles conhecem bem. Não sabem ao certo o que é verdade e o que é lenda. São
povos de origem diferente, cores, crenças, religiões, costumes e rituais que
acabaram sendo abrigados por esse mundo incerto e adaptável.
Definir a
identidade cigana é outro desafio. Não são nada homogêneos, são subdivididos em
três principais etnias, Rom, Calon e Sinti, e não carregam nenhum estereótipo
sólido, pois nem todos são nômades, falam romani, usam roupas coloridas e são
pobres. Eles são livres, podendo ser cristão, muçulmanos, judeus ou o que
quiserem. O que têm em comum é a sensação de não serem um “não cigano”.
Os que o
tornam ciganos é o espírito viajante, que mesmo não nômades, ainda carregam o
sentimento de não pertencerem a um só lugar. O costume de não criar raízes, não
tendo noção concreta de propriedade, e de não gostar a submeterem-se às leis e
regras. É um povo que valoriza a liberdade.
Por isso,
questiono se há realmente motivo de celebração. Ao mesmo tempo que se apega aos princípios da liberdade, a população cigana é uma das minorias étnicas que mais
sofre discriminação e exclusão social do mundo.
Essa
população carrega na sua história uma bagagem de preconceitos, advindos dos
estereótipos inventados e da desinformação pública. Por onde passaram,
independente de época, a exclusão e o repúdio os acompanharam. Sendo
negligenciados até hoje pelos poderes públicos, eles enfrentam barreiras
diárias para ter acesso à educação, habitação, aos serviços sociais e ao
trabalho.
Descrição para cegos: A
imagem mostra um grupo em uma manifestação exigindo direitos ao povo cigano,
com várias placas e uma grande faixa que diz “Direitos humanos aqui, direitos
de Roma agora”. |
Os direitos humanos são violados fortemente em relação
aos ciganos e sua perseguição está longe do fim. Por isso, não há motivo de
celebração. O dia (08) de abril é dia de conscientização e luta.
É preciso
mudar essa realidade para que se crie perspectiva real de liberdade, instalando políticas públicas de promoção da cidadania cigana, abrindo
espaço para debates, produção de conhecimento e informação acerca das
desmistificações desse povo. Nós precisamos enxergar realidades diferentes da
nossa e parar de querer que todos se encaixem em nossos ideais.
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