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Descrição para cegos: Linn se encontra no dentro
da imagem, com uma mão sobreposta à outra. A cantora está em um ambiente com
muita sombra e está escorada em algum tipo de apoio para orações.
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Por Rorion
Subversiva,
revolucionária, travesti e negra. Essas são características de Linna Pereira,
conhecida como Linn da Quebrada, cantora de funk pop da grande São Pauloque dá
voz as minorias das quais ela faz parte. Com abordagem crua e sem censura, Linn
versa sobre sua vivência.
Em “Mulher”, a cantora trata de
temáticas delicadas, que discutem identidade de gênero, violência e
empoderamento das transexuais e travestis.
“De noite
pelas calçadas
Andando de esquina em esquina
Não é homem, nem mulher
É uma trava feminina
Parou entre uns edifícios, mostrou todos os seu orifícios
Ela é diva da sarjeta seu corpo é uma ocupação
É favela, garagem, esgoto
E pro teu desgosto,
Está sempre em desconstrução
Nas ruas pelas surdinas é onde faz o seu salário
Aluga o corpo há pobre, rico, endividado, milionário!”
Andando de esquina em esquina
Não é homem, nem mulher
É uma trava feminina
Parou entre uns edifícios, mostrou todos os seu orifícios
Ela é diva da sarjeta seu corpo é uma ocupação
É favela, garagem, esgoto
E pro teu desgosto,
Está sempre em desconstrução
Nas ruas pelas surdinas é onde faz o seu salário
Aluga o corpo há pobre, rico, endividado, milionário!”
VERSO 1
Logo
no inicio da música é explicitada a situação de marginalização desse grupo, dados
da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% das transexuais
e travestis brasileiras sobrevivem economicamente através da prostituição.
Realidade essa potencializada devido à negação de sua identidade e exclusão no
meio em que vivem.
A
coerção social é uma arma muito poderosa, que discrimina e agride física e
psicologicamente tudo que não se encontra nos padrões por ela ditado. No refrão
da canção, Linn canta: “Segredo ignorado
por todos e até pelo espelho”, a luta pela aceitação da identidade, que é a
todo instante reproduzida de maneira negativa na sociedade.
A
intérprete adota um discurso empoderador em relação a esses corpos que possuem suas
verdades ignoradas, enaltecendo a luta diária por direitos a elas rejeitados: “Bato palmas para as travestis que lutam para
existir, e que a cada dia conquistam o seu direito de viver e brilhar”. No
Brasil, a estimativa de vida de transexuais e travestis é de 35 anos, menos da
metade da estimativa brasileira que é de 75 anos, dado fornecido pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Descrição para cegos: A cantora Linn está de
olhos fechados com as mãos em direção ao rosto. Com grandes unhas e lábios
pintados de batom.
“Ela é feita pra sangrar
Pra entrar é só cuspir
E se pagar ela dá para qualquer um
Mas só se pagar, hein! Que ela dá, viu? Para qualquer um”.
Pra entrar é só cuspir
E se pagar ela dá para qualquer um
Mas só se pagar, hein! Que ela dá, viu? Para qualquer um”.
VERSO 3
Linn denuncia
constantemente durante a canção que as pessoas dessa comunidade estão sujeitas
a violências, devido principalmente a prostituição, que é praticamente
“empurrada” como uma das únicas alternativas de trabalho. O Brasil é o país que
mais mata transexuais/travestis no mundo, de acordo com dados apurados pela
ANTRA, no ano de 2017, foram 179 assassinatos, ocupando o primeiro lugar no
ranking mundial de mortes, com três vezes mais do que a segunda posição, México,
com 56 assassinatos .
O Brasil
também se encontra em primeiro em outro ranking, em uma pesquisa realizada pelo
site de vídeos adultos, PornHub. O site mostra dados que indicam que o Brasil,
em 2016 e 2017 teve presente à categoria ‘Travestis’, em seu top cinco das mais
procuradas (quinta e quarta posição respectivamente), pontua também que o
Brasil é o país, que comparado com o resto do mundo, mais acessa essa categoria
com 89%.
Linna
Pereira finaliza a música, retratando o amor negado a elas e a suas semelhantes.
Além de serem negligenciadas em todos os âmbitos sociais, também acabam por ter
seus sentimentos invalidados pela imagem do “homem” que a usa somente como
objeto de prazer.
“Homem
que consome,
Só come e some
Homem que consome,
Que só come, fodeu e some”.
Só come e some
Homem que consome,
Que só come, fodeu e some”.
‘Outro’
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