Um dos filmes
mais aguardados de 2018, Pantera Negra, gerou grande agitação, pelos amantes do
universo cinematográfico e pela população negra. A obra representa a cultura e
a história do povo africano, sendo o primeiro filme da Marvel a ter heróis e
protagonistas negros, algo inédito na história do cinema.
Assim
como a sociedade, a indústria cultural não está livre do racismo, sendo uma
indústria de brancos, ela reproduz tal conduta imoral, os seus valores, ideias
e estereótipos. A grande expectativa gerada em torno do lançamento de Pantera
Negra é sobre representação, uma vez que o filme contou com um grande elenco
negro.
Destacando
aspectos da cultura africana, Pantera Negra contribuiu para que a população
afrodescendente se sinta representada. O longa quebra o estereótipo dos heróis
e heroínas brancos, dos padrões de beleza e dos negros como vilões ou
coadjuvantes das produções Hollywoodianas.
Além de
romper com as barreiras racistas, a produção bateu recordes de sucesso. O longa
arrecadou a marca de US$ 1,34 bilhões e ultrapassou Titanic. Tal sucesso foi
refletido nas premiações que a obra obteve, com sete indicações ao Oscar, sendo
uma delas de melhor filme, algo impensável nos dias de hoje, pois foi a primeira
produção de super-herói a disputar o prêmio mais desejado de Hollywood,
conquistando o Oscar de
Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte.
A trama
também ganhou outros prêmios, entre eles Melhor Trilha Sonora no Grammy, Melhores Efeitos Visuais
no BAFTA, três Critics' ChoiceAward, quatro MTVAwards, cinco SaturnAwards e
Melhor Elenco de Filme no SAG Award 2019.
No entanto, o filme também causou incômodo nas
redes sociais. Antes mesmo da sua estreia, ele foi avaliado negativamente em um
evento criado no Facebook, e no Twitter foi bombardeado por “fakenews” sobre
negros agredindo brancos nas salas de cinema, sendo até acusado de racismo
reverso. Todas essas manifestações negativas contra a obra só ressaltam como o
racismo ainda persiste em nossa comunidade. A conquista por mais espaços pelos
negros ainda incomoda muita gente.
O filme deve ser a “ponta do iceberg” para
Hollywood se tornar mais negra, tanto a frente como atrás dos holofotes. Porém,
não se deve tornar um fato isolado, a população afrodescendente precisa de mais
representação no cinema. É necessário mais produções de negros como
protagonistas em filmes, que valorizem a sua a cor e cultura. Também é
essencial ilustrar a luta, a igualdade e o respeito pela dignidade humana e os
caminhos para atingi-los.
Assim sendo, o filme cumpre seu papel de suprir
uma demanda da falta de representatividade do povo negro, com uma trama de alta
qualidade, divertida, cativante e emocionante. Espera-se que a obra
cinematográfica influencie uma nova geração de negros a não aceitar mais o
preconceito e a discriminação racial, não só no cenário cultural, mas em todos
os aspectos sociais.
É preciso questionar o racismo, a sua origem e sua perpetuação, com
discussões em salas de aula, ambientes de trabalho, rodas de amigos, redes
sociais e na rua. O mundo precisa saber que a população negra tem vez e voz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será publicado em breve.