sexta-feira, 22 de março de 2019

Contra o racismo, o filme “Pantera Negra" destaca a cultura africana

Descrição para cegos: A imagem se refere ao elenco principal do filme Pantera Negra. No primeiro plano, os personagens Zuri, W’Kabi, T’Challa e Ramonda estão de pé, olhando para frente. No segundo plano, os personagens Erick Killmonger, Nakia, e Shuri estão sentados em uma escadaria rústica de pedra, enquanto Okoye está de pé. O local é escuro e feito de pedras.
Por Sofia Debbaudt


       Um dos filmes mais aguardados de 2018, Pantera Negra, gerou grande agitação, pelos amantes do universo cinematográfico e pela população negra. A obra representa a cultura e a história do povo africano, sendo o primeiro filme da Marvel a ter heróis e protagonistas negros, algo inédito na história do cinema.




       Assim como a sociedade, a indústria cultural não está livre do racismo, sendo uma indústria de brancos, ela reproduz tal conduta imoral, os seus valores, ideias e estereótipos. A grande expectativa gerada em torno do lançamento de Pantera Negra é sobre representação, uma vez que o filme contou com um grande elenco negro.

       Destacando aspectos da cultura africana, Pantera Negra contribuiu para que a população afrodescendente se sinta representada. O longa quebra o estereótipo dos heróis e heroínas brancos, dos padrões de beleza e dos negros como vilões ou coadjuvantes das produções Hollywoodianas.

       Além de romper com as barreiras racistas, a produção bateu recordes de sucesso. O longa arrecadou a marca de US$ 1,34 bilhões e ultrapassou Titanic. Tal sucesso foi refletido nas premiações que a obra obteve, com sete indicações ao Oscar, sendo uma delas de melhor filme, algo impensável nos dias de hoje, pois foi a primeira produção de super-herói a disputar o prêmio mais desejado de Hollywood, conquistando o Oscar de Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte.

       A trama também ganhou outros prêmios, entre eles Melhor Trilha Sonora no Grammy, Melhores Efeitos Visuais no BAFTA, três Critics' ChoiceAward, quatro MTVAwards, cinco SaturnAwards e Melhor Elenco de Filme no SAG Award 2019.

       No entanto, o filme também causou incômodo nas redes sociais. Antes mesmo da sua estreia, ele foi avaliado negativamente em um evento criado no Facebook, e no Twitter foi bombardeado por “fakenews” sobre negros agredindo brancos nas salas de cinema, sendo até acusado de racismo reverso. Todas essas manifestações negativas contra a obra só ressaltam como o racismo ainda persiste em nossa comunidade. A conquista por mais espaços pelos negros ainda incomoda muita gente.

       O filme deve ser a “ponta do iceberg” para Hollywood se tornar mais negra, tanto a frente como atrás dos holofotes. Porém, não se deve tornar um fato isolado, a população afrodescendente precisa de mais representação no cinema. É necessário mais produções de negros como protagonistas em filmes, que valorizem a sua a cor e cultura. Também é essencial ilustrar a luta, a igualdade e o respeito pela dignidade humana e os caminhos para atingi-los.

       Assim sendo, o filme cumpre seu papel de suprir uma demanda da falta de representatividade do povo negro, com uma trama de alta qualidade, divertida, cativante e emocionante. Espera-se que a obra cinematográfica influencie uma nova geração de negros a não aceitar mais o preconceito e a discriminação racial, não só no cenário cultural, mas em todos os aspectos sociais.

       É preciso questionar o racismo, a sua origem e sua perpetuação, com discussões em salas de aula, ambientes de trabalho, rodas de amigos, redes sociais e na rua. O mundo precisa saber que a população negra tem vez e voz.




Com informações de Cine Pop, Aficionados, Estadão e Ceert

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