sábado, 30 de março de 2019

A história da gigante do tênis



Por Sofia Debbaudt

Descrição para cegos: A imagem mostra Serena Williams com traje tenista, representando a bandeira dos Estados Unidos. Com a mão levantada e o punho fechado, ela simboliza a luta da resistência negra.

Quem é Serena?

       Serena Jameka Williams, ou apenas Serena Williams, mulher, negra, feminista, militante, tenista. Nascida em SaginawMichigan, nos Estados Unido no dia 26 de setembro de 1981, é a personagem da história de hoje.



Descrição para cegos: A imagem se refere a Serena criança, segurando uma raquete.


       Serena, mais nova de cinco irmãs, filha de Richard Williams e Oracene Price. Família negra e humilde que vivia nos Estados Unidos da América. Muitos acham que Serena se tornou quem é hoje por só pela junção do seu talento e esforço, mas poucos sabem que mesmo antes de estar na barriga de sua mãe, seu pai, um ávido fã de tênis, já previa seu futuro nas quadras. Isso porque ao assistir uma partida na televisão na qual viu o jogador campeão ganhar enorme quantia de dinheiro ficou deslumbrado, e traçou uma meta de vida. Assim, Richard, visionário, foi autodidata e aprendeu tudo sobre o esporte, elaborando um plano composto por 78 páginas, que ele acreditava ser a chave para um inexperiente se tornar um tenista profissional. 

Vencendo as barreiras da vida e conhecendo o racismo

       Pouco tempo após o nascimento da bebê Serena, sua família fez uma mudança brusca. Da calmaria de Saginaw para a loucura de Compoton, em Los Angeles – Califórnia. Foi lá, em meio a essa região perigosa, onde ocasionalmente se escutava barulhos violentos e tiroteios, que a pequena aprendeu o básico do tênis. Há um registro da fala do seu treinador da época, conhecido como “Massi”, sobre a situação do local de treinamento: “Não é um clube de campo. É um parque fedorento. Há caras jogando basquete, pessoas desmaiadas na grama, vidros quebrados por toda quadra, pessoas bebendo”.

       Apesar disso, Serena não desfocou, logo mostrou um bom desenvolvimento no esporte, que chamou a atenção e fez o seu pai dar o primeiro passo corajoso, em busca de torná-la a estrela do tênis mundial que é hoje. Aos quatro anos e meio iniciou nas competições, participando em torneios juniores. Até os cinco anos de idade, ganhou 46 das 49 competições que participou, um começo impressionante. E foi assim que sua popularidade local surgiu.

       Consequentemente, a pequena Serena também conheceu o racismo. Ao sofrer discriminações, oriundas da falta de profissionalismo e do preconceito, o seu pai percebeu que Serena poderia tornar-se emocionalmente e fisicamente desgastada com toda essa situação. Afinal, ela era pequena demais para entender o que acontecia e fazer algo sobre. Assim, Richard decidiu tirá-la das competições e Serena começou a treinar em casa com o acompanhamento do treinador profissional Rick Massi. 

Surgimento de oportunidades

       Não demorou muito para que Massi percebesse o talento de Serena, ela era uma estrela em ascensão, convidando-a junto a sua família para irem ao estado da Flórida. Lá, o treinador dirigia uma academia de tênis, nada mais perfeito para ela. Além disso, foi lhe garantido um contrato de patrocínio, o qual permitiu que todos se adequassem sem maiores dificuldades.

       Essa mudança foi um motor único para o crescimento profissional da atleta, que aos 14 anos teve seu primeiro jogo profissional, e aos 16 já estava no ranking das melhores tenistas do mundo. Aos 17, em 1998, derrotou duas tenistas top 10 num mesmo torneio, enquanto estava 304ª posição. Assim, passou a ser muito notada e assinou um contrato com a PUMA, de doze milhões de dólares, logo após se graduar no ensino médio. Com 18 anos de idade, ganhou não apenas um, mas dois títulos profissionais, um na França e outro no US Open, algo que desde o ano de 1958 não era conquistado por uma mulher afro-americana. 

Companheirismo de vida

       Em paralelo, é importantíssimo ressaltar que boa parte da sua carreira profissional foi construída ao lado de sua irmã, Vênus Williams, nascida em 17 de junho de 1980 em Lynwood – Califórnia. Obcecado pela ideia de ter filhas tenistas, o pai encontrou nas duas meninas talento e obstinação, articulando, assim, meticulosamente a carreira delas. Ambas sempre treinaram juntas e tiveram todo o suporte igualmente, porém, mesmo sendo a mais nova, Serena foi a primeira a brilhar.

Descrição para cegos: Na imagem, podemos ver Venus e Serena, quando eram crianças sentadas em uma quadra com várias bolas de tênis ao redor.

       Quando novas, os especialistas não criavam muita expectativa por não terem passado pelo circuito júnior de tênis, como a maioria dos astros do esporte. Além disso, o tênis é um esporte majoritariamente da elite branca, uma dupla de mulheres negras não parecia algo muito atrativo. Falha deles, pois juntas conquistaram a medalha de ouro no torneio de pares dos Jogos Olímpicos em 2000, na Austrália. Elas formam uma dupla poderosíssima, com treze conquistas de Grand Slam, mais dois ouros olímpicos em par e mais dois sozinhas. São as únicas que possuem o chamado Golden Slam do tênis

Descrição para cegos: A imagem se refere a uma fotografia das duas irmãs em quadra, uma ao lado da outra, sorridentes. 


       A primeira vez que elas se confrontaram em uma final de torneio foi no Torneio de Wimbledon e do Roland Garros, e Serena saiu vitoriosa. Hoje em dia são mais de 26 confrontos acumulados, mas Serena sempre destaca que “pelo menos uma de nós estará nas quadras”.

       Mesmo sendo rivais em torneios individuais, as duas não escondem a paixão e admiração que têm uma pela outra. A caçula vê a mais velha como referência, não só como atleta, mas como pessoa fora das quadras, “é fantástico para mim seguir os passos dela”, já afirmou Serena. E é recíproco, Vênus não poupa elogios nunca quando se refere à irmã, “Ela já passou por muita coisa. A parte sensacional é que, não importa o que ela já passou, ela nunca reclamou. Ela passou por tanta coisa que ninguém poderia imaginar.” Há um documentário incrível sobre elas chamado “Venus and Serena”, dirigido por Maiken Baird e Michelle Major, que ilustra muito bem os desafios e as emoções desse relacionamento de irmandade.


Grandes Desafios

       Serena chegou ao topo da carreira esportiva com um caminho construído por milhares de barreiras e desafios, que só a deixou mais forte e destemida. Tanto fisicamente como mentalmente.

       Lesões musculares são muito frequentes em praticantes de tênis profissional. O esporte requer muita preparação física, com isso, os treinos são muito intensos assim como as competições. Dores na região da lombar, ombro, cotovelo, joelho e quadril fazem parte do dia a dia dos tenistas de alto rendimento.
       
       Por isso lesões fazem parte da história da nossa atleta. Em 1999, Serena saiu de um torneio com forte tendinite nos dois joelhos, logo após, teve que fazer o mesmo no Australia Open com uma torção no cotovelo direito. No ano seguinte, foi ainda pior, lesionou-se na final de uma competição em Paris e em Amelia Island, na qual teve que abandonar o jogo por uma ruptura no menisco do pé esquerdo. A recuperação levou em torno de três meses.

       Em agosto de 2000, ela voltou a se lesionar no Canada Open, ganhando a partida, um dos ossos da base do pé esquerdo inflamou, fazendo-a perder o segundo set e abandonar o terceiro. Em 2001, teve que renunciar o torneio de Paris por cansaço mental e físico. Após aproximadamente dois meses, retornou para ganhar em Indian Wells e chegar às quartas de final em Miami. Contudo, teve que deixar de jogar em Charleston, Roma e Madri devido a lesões no joelho.

       No ano de 2002, Serena não conseguiu disputar o Australia Open por causa de uma lesão no tornozelo sofrida na semifinal do torneio de Sidney. Logo em seguida, em 2003, viu-se obrigada a abandonar a temporada de Wimbledon, novamente por se lesionar no joelho. Também teve que se retirar da competição de San Diego em 2004, do Canada Open e dos Jogos Olímpicos de Atenas. Mas pelo menos conseguiu disputar o restante dos Grand Slams.

       No mesmo ano, problemas no estômago tiraram qualquer possibilidade de vencer o WTA Tour Championship. Temporada muito sofrida para a atleta. E isso faz parte da rua rotina até hoje. Recentemente, dia 23 de março de 2019, anunciou que por lesão no jelho esquerdo está fora do Miami Open 2019. Assim segue sua carreira, se machuca, para e volta. Mas sempre volta com a mesma garra, brilho nos olhos e força de sempre. E é isso que impressiona a todos, ela parece nunca se deixar abalar por nada, sempre se superando e ultrapassando barreiras.


A notícia que mudou os planos

       Aos 35 anos de idade, Serena derrotou a irmã Venus, no Australia Open em janeiro de 2017, conquistando seu 23º título do Grand Slam e tornando-se recordista em provas do Grand Slam na Era Open. O que ninguém sabia, inclusive sua irmã, é que Serena não estava jogando sozinha. Nas quadras ela estava carregando um bebê de oito semanas na barriga.

       Serena revelou que ficou em estado de choque ao receber a notícia, pois ela não achou que seria possível. Ainda mais com a rotina que vive. Ela só descobriu porque sonhou que estava grávida, e despretensiosamente decidiu fazer o teste. Sempre quis ser mãe, mas foi pega de surpresa. Ela revelou que a todo momento se definia de um só jeito, pelo sucesso, pelas competições e fazendo história. E do nada, tudo mudou. Porém, o medo de não voltar tão forte como era e de não conseguir ser tanto a melhor mãe como a melhor tenista do mundo, não saiu da sua cabeça. Mas ela decidiu viver e tentar.

        O Grand Slam estava batendo na porta, e ela não poderia deixar de participar. Com a consulta e avaliação médica foi permitido que ela jogasse e treinasse. Serena preferiu manter segredo até a competição, e seguiu tomando cuidado nas preparações para não prejudicar a gravidez. Carregada de medo e ansiedade, ela nem pretendia ganhar o Australia Open, ela nunca tinha passado por isso e não sabia como seu corpo ia reagir. 

Descrição para cegos: A imagem mostra um momento da partida da qual Serena saiu vitoriosa enquanto estava grávida. A atleta está em movimento, como se tivesse acabado de bater na bola.



      Em quadra, na final contra sua irmã, disse que só pensava no que carregava na barriga e o quanto isso significava para ela. Serena disse que não poderia deixar de seguir seus sonhos e batalhar por eles e quem sem dúvidas, esse foi o Grand Slam mais especial de sua vida. Venus sempre brinca, “temos que fazer uma outra partida, pois foi injusto, dois contra um”, e também que a bebê já participou e foi campeã de um Grand Slam. O troféu do torneio fica exposto no quarto para tornar o momento ainda mais inesquecível e para lembrar a sua filha de que tê-la em seu corpo não impediu Serena de ter sucesso.

       Porém, também foi a hora de Serene enfrentar o maior desafio da sua vida, dar à luz. Em setembro de 2017, Serena teve sua primeira filha, Alex Olympia Ohanian Jr, com o co-fundador do Reddit, Alexis Ohanian.No parto, segundo suas próprias palavras em uma reportagem a CNN, esteve perto de morrer. “Quase morro depois de dar à luz a minha filha, mas me considero afortunada. Embora tenha tido uma gravidez simples, minha filha nasceu por uma cesárea de emergência depois que seu ritmo cardíaco caiu dramaticamente durante as contrações".

        Os problemas e complicações começaram após 24hrs do parto, “ter dado à luz foi um sentimento incrível, mas depois as coisas ficaram ruins”. Primeiro Serena teve uma embolia pulmonar, que é uma condição na qual uma ou mais artérias dos pulmões bloqueiam. “Isso provocou uma série de complicações que tive sorte de sobreviver”. O que já tinha lhe acontecido antes, em 2011, quando os médicos tiveram que tirar um hematoma após descobrirem um coágulo de sangue nos seus pulmões. Algo que também a afastou das quadras.

       Logo após, ela teve que ser operada novamente pois devido a tosse intensa, causada pelos problemas respiratórios, os pontos da cesárea abriram. Foi ai que os médicos encontraram outro coágulo em seu abdômen. Ela passou as primeiras seis semanas da maternidade acamada, “Quando finalmente fui para casa, com minha família, precisei passar as seis primeiras semanas como mãe na cama”.
      
       Serena viveu uma montanha russa de emoções e revelou, “ninguém nunca fala dos momentos difíceis – a pressão, a incrível decepção toda vez que o bebê chora. Eu desmoronei não sei quantas vezes. Fico irritada com o choro, depois fico triste por ficar irritada e então me sinto culpada, “por que eu fico triste se tenho um bebê lindo? ”. As emoções são insanas”. E ainda como mulher negra feminista afirmou “estou tão feliz por ter tido uma filha, quero ensiná-la que não existem limites”. Ela receia que as mulheres são limitadas e não são ensinadas a sonhar tão grande quanto os homens, que podem ser o que quiserem, mas vai ensinar a filha a ter muita perseverança.
      
       Não pretendia e nem parou de brilhar após ser mãe, continuou no topo do mundo do tênis e revelou “Ainda não terminei, é simples. A minha história não termina aqui”. 

Conto de Fadas

Descrição para cegos: A imagem se refere a uma fotografia do casamento, na qual Serena está vestida de noiva, sentada ao lado do marido, com a filha no colo. 

       Mesmo pegos de surpresa com o nascimento da filha, o casal Serena e Alexis, juntos desde 2015 e noivos em 2016, não desistiu de realizar a celebração de casamento. Após dois meses de terem Olympia, se casaram, em Nova Orleans, Estados Unidos. Em uma cerimônia bem sofisticada, porém discreta, inspirada no conto de fadas de A bela e a fera. O casamento teve presenças ilustres de diversos famosos como Beyoncé e Kim Kardashian. Serena usou três tipos de vestidos, todo assinados por estilistas famosíssimas, além disso, durante a festa ela trocou seus saltos por um par de tênis cravejado de cristais da Nike, sua patrocinadora oficial.

        Casados até hoje, Serena revela que eles se dão super bem por serem o oposto um do outro. Ela é esportista, ele empresário. Ela é negra, ele branco. Ela cresceu nas ruas, ele no computador. Assim, eles se completam. Conseguem fazer acontecer de jeitos diferentes e se conectarem. O casal se mostra muito romântico, principalmente nas redes sociais. Sempre apoiam um ao outro. Em seu Instagram, Alexis não poupa palavras para admirar e reconhecer o talento da sua esposa. Eles são cheios de paixão e companheirismo, e respeito acima de tudo. 


Polêmicas

       Como se já não bastasse tanto acontecimento em sua vida, Serena não seria Serena sem seu envolvimento com tantas polêmicas. Ela é uma mulher negra que ocupa o posto de uma das celebridades mais relevantes do mundo e não se deixar calar por nada.

        No ano de 2004, foi injustiçada pelas decisões do juiz. Contra a tenista Jennifer Capriati, Serena perdeu muitos pontos pois o juiz via sua bola dentro fora de campo. Notava-se a indignação no olhar da atleta e na reação do público e dos comentaristas. 

       Em 2009, sua defesa pelo título do US Open terminou de forma inesperada. Serena já tinha sido advertida pelo árbitro pela sua má conduta ao quebrar sua raquete. Porém ainda foi penalizada pelo árbitro por contestar uma decisão dos juízes e “ameaçar de morte” a juiz de linha. Com a multa mais alta prevista pelo regulamento dos torneios na época, U$ 10.500, dez mil dólares referente à ameaça feita e os outros quinhentos ao “abuso da raquete”.

      Serena recusou-se a pedir desculpas, “Um pedido de desculpas? Meu? Quantas pessoas gritam com o juiz de linha? Acontece toda hora. Já perdi a conta do número de vezes que isso aconteceu. Sou uma profissional, não implorei por outra oportunidade porque conheço as regas e cumpro-as”.

       A atleta tem o costume de descontar a raiva de erros no jogo destruindo suas raquetes. Serena furiosa bate com muita força a raquete no chão a ponto de deformá-la e deixar o público espantado. Isso já ocorreu diversas vezes e infelizmente só reforça uma imagem bruta da estrela.


Descrição para cegos: A imagem mostra Serena com um look escuro, com saia e meia calça de bailarina. A fotografia foi tirada bem no momento em que a atleta joga a raquete no chão e quebra.


       Outro polêmico evento, o mais recente, envolvendo a atleta e árbitros aconteceu, em 2018. Na final do US Open 2018, contra Naomi Osaka, Serena foi triplamente punida – por receber orientações indevida do técnico, quebrar a raquete e ofender o juiz. Ela nunca admitiu a acusação, “Eu não trapaceio, eu sou mãe. Prefiro perder”, ela declarou. Serena teve que pagar U$ 17.000 de multa. A atleta chorou, xingou e foi superada pela adversária. Muitos a acusaram de ofuscar o brilho de Naomi, que conquistou o primeiro Grand Slam da história dos nipônicos. A mídia caiu em cima dela, divulgando muitos comentários negativos.


Descrição para cegos: A imagem mostra Serena com seu macacão preto na partida, fazendo um movimento para acertar a bola.

       Além dos casos polêmicos nas partidas, os “looks” da atleta também dão o que falar. Serena sempre saiu do convencional e competiu com roupas diferentes. Devido a isso ela se envolveu em uma situação bem desconfortável no torneio Roland Garros em 2018. Desde que tinha voltado às quadras depois do nascimento de Olympia, a atleta escolheu utilizar um macacão preto, de compressão, feito para ajudá-la com seu problema dos coágulos de sangue, que diz ela, também inspirado no filme Pantera Negra, da Marvel. O traje ganhou apelido de “roupa de Wakanda”. Contudo, o presidente da Federação Francesa de Tênis não se sentiu muito confortável com a vestimenta da atleta, “Não será mais aceito, é preciso respeitar o jogo e o lugar. Acho que fomos longe demais.”

       A decisão foi totalmente criticada e questionada justamente por ter uma funcionalidade. “É um traje divertido, mas também é funcional, que me permite jogar sem problemas, explicou Serena. A Nike patrocinadora da atleta mostrou total suporte e apoio, ao publicar uma foto dela com a seguinte legenda: “Você pode até tirar a heroína dos seus trajes, mas nunca poderá tirar seus superpoderes”. A repercussão foi bastante positiva, o público demostrou aprovação e defendeu a estrela.

       Logo após, Serena surpreendeu no US Open com um novo uniforme inspirado no clássico tutu de bailarina. Criado pelo guru da moda, Virgil Abloh, fundador da marca Off-White e responsável pela linha masculina da Louis Vuitton. Uma versão bem açucarada mas bem contundente, ela ainda brincou, “Quando se trata de moda, você não quer ser um infrator reincidente”.

Lição de vida

      No tocante a todas as polêmicas e ocorrência na vida da atleta, percebe-se o sexismo e racismo presente nas quadras de tênis e no mundo. Serena abriu espaço para a discussão da igualdade de gênero no esporte. Homens e mulheres precisam ser tratados da mesma maneira, e isso não acontece.

       Ela recebeu total apoio dos seus companheiros de esporte, Billi Jean King reforçou, “Quando uma mulher é emotiva, ela é chamada de histérica e é penalizada por isso. Quando um homem faz o mesmo, ele é franco e não há repercussões”.

      O mundo do tênis já assistiu alguns épicos ataques de fúria dos seus jogadores que não chegam aos pés dos de Serena, mas também não chegaram perto de ser repercutidos como tal. O canadense Denis Shapovalov já foi desqualificado por bater uma bola no olho de um árbitro, fraturando um osso, e André Agasse certa vez referiu palavras de mau gosto ao árbitro e cuspiu em sua perna, para exemplificar.

       Casos como esses ilustram como reações de fúria não são incomuns no mundo do tênis, e realçam também a injustiça que sofre a atleta, por ser mulher e negra. “Já vi homens chamando árbitros de várias coisas. Estou aqui lutando pelo direito das mulheres e igualdade das mulheres, o fato de eu ter dito “ladrão”, e ele ter me tirado um game, isso me fez sentir que foi uma reação sexista, talvez não tenha funcionado para mim, mas funcione para outra pessoa”.

       Em relação ao policiamento sobre o corpo da mulher nas quadras, isso não deveria existir. A perseguição com os trajes de Serena precisa terminar, pois ela está trabalhando, então enquanto a sua roupa a agrada, a ajuda, a torna mais confiante e não falta com respeito a ninguém não há motivos para que ela não a use. A proibição refletiu um regresso no esporte.

       O que nos faz lembrar de um evento em 1985. No qual, a tenista Anne White chamou a atenção e polemizou ao usar um macacão branco em Wimbledon. Em momento algum ela foi repreendida, e traz-se o questionamento do que é que faz um traje ser motivo de sucesso e o outro ser considerado desrespeitoso. A diferença é que o de sucesso foi promovido por uma branca, e o que foi mal visto por uma negra. O Open da França precisa rever seus conceitos de ética e moral, e parar de policiar o corpo da mulher negra.

      Serena combateu e sempre lutará em prol da sua raça e do seu gênero. “O que os outros marcaram como falhas ou desvantagens sobre mim, minha raça e meu gênero, eu abracei como um combustível para o meu sucesso”. Ela espera que sua história possa inspirar outras jovens negras a buscarem sempre o melhor e seguir seus sonhos. “Eu, ao ser uma mulher negra, fazer algo histórico que nunca se tinha feito é indescritível. ”

      “Nós precisamos continuar sonhando alto. Fazendo isso, nós empoderamos a próxima geração de mulheres a serem tão ousadas quanto nós em suas buscas”.





Com informações de Wikipedia, Infopedia, Geledés, Childhood biography, Uniritter Esporte, Sportv, Soufitness.com.br, El país e Being Serena documentary.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será publicado em breve.