Descrição para cegos: Quilombos participam de um festival cultural dentro da própria comunidade quilombola. (Foto: Raízes Desenvolvimento Sustentável) Por Manoel Holanda
Os quilombos fazem parte de uma época triste da nossa história, e a
escravidão deixou profundas marcas no país. Ainda hoje, comunidades quilombolas
remanescentes lutam diariamente por espaço e garantia nas políticas inclusivas
sociais. Mais do que direito à saúde ou à educação, os quilombos estão tendo
que lutar por algo ainda mais significativo: o direito à vida.
Inédito no país, um
levantamento realizado pela ONG Terra de Direitos e a Confederação Nacional de
Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), apontou que 2017
foi o ano mais violento para as comunidades quilombolas, com 18 assassinatos
registrados. Um aumento de 350% em
comparação a 2016.
Entre as regiões do Brasil,
o Nordeste foi o que mais registrou assassinatos de quilombolas. O aumento
desses números é resultado de inúmeras ocorrências de chacinas contra essas
populações. No total, foram registradas 113 ocorrências somente em 2017.
Segundo a Conaq, ao todo,
existem cerca de 3.200 comunidades quilombolas oficialmente reconhecidas no
Brasil, mas, por conta dos impasses políticos, menos de 300 delas têm o título
da terra que ocupam. A disputa territorial é um dos fatores que colocam em
risco a vida dos quilombos.
É notória a situação de
vulnerabilidade que as comunidades quilombolas se encontram atualmente. São
vidas que estão sendo perdidas em defesa do território, e para pôr um basta a
essa violência desenfreada, o Estado precisa encarar a realidade.
Desde o fim da escravidão,
vemos a trajetória de luta do movimento negro, mas percebe-se que os avanços
caminham a passos lentos, sobretudo com relação à proteção jurídica e à
implementação de políticas públicas para as comunidades quilombolas. Mais
do que reconhecer esse problema, o Estado precisa ampliar a discussão,
eliminando todas as barreiras e promovendo ações que possam contribuir para a
diminuição do racismo e da desigualdade racial. Os quilombos exigem respeito.
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