Descrição para cegos: Modelos negras desfilando na passarela da São Paulo Fashion Week, o maior evento de moda no Brasil. (Foto: Duda Buchmann)
Por Manoel Holanda
No
final do mês passado foi realizada mais uma edição da São Paulo Fashion Week, o
evento de moda mais importante do país, além de ser também a quinta maior
semana de moda no mundo. E, após mais uma edição concluída, foi possível notar
o aumento do número de modelos negros em relação a anos anteriores, mas, mesmo
com a diversidade crescendo nos desfiles, o número de brancos ainda é maior.
Padrões estão sendo quebrados, estereótipos
ficando para trás, e o conceito de representatividade ganhando cada vez mais
importância. Há quase dez anos, os organizadores da São Paulo Fashion Week
assinaram um acordo junto ao Ministério Público, firmando um compromisso de
garantir a presença de que pelo menos 10% dos modelos fossem negros,
afrodescendentes ou indígenas.
Este ano, dos 976 looks que foram
apresentados no evento, 280 foram vestidos por negros e afrodescendentes, o que
representa 28% do total, ou seja, acima do compromisso estabelecido com o
Ministério Público. Apesar disso, muitas marcas que estiveram presentes na SPFW
nem sequer conseguiram atingir o mínimo de 10%. O resultado mais negativo foi
da marca Glória Coelho, onde das 51 modelos que desfilaram, apenas uma era
negra. Outro ponto a ser levantado é que a maioria das participações dos negros
e afrodescendentes nos desfiles da São Paulo Fashion Week foram em grifes
menores, ou seja, um reflexo de que as maiores não estão demonstrando ter a
mesma preocupação com essa causa social.
Em 2008, um ano antes da SPFW assinar o
acordo de comprometimento, existiam apenas oito negros entre os 344 modelos que
desfilaram no evento. Menos de 2,5% do total. Uma prova que, mesmo a passos
lentos, a desigualdade nas passarelas está diminuindo a cada ano.
Vivemos em um país que possui, eu sua
maioria, uma população negra e mestiça, que não se vê representada por um
padrão europeu de beleza e cor de pele, e a sociedade brasileira tem cobrado a
diversidade nas passarelas. Dessa forma, as marcas estão, mesmo que com certa
resistência, atendendo a esse pedido. A bandeira da pluralidade está erguida, e
a sociedade será o maior incentivo para que as marcas entendam a necessidade de
apresentar um número maior de modelos negros nas passarelas do Brasil e do
mundo. Chegou a hora de quebrar novos tabus.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será publicado em breve.