Descrição para cegos: imagem da atleta Gilvana Mendes Nogueira
atuando pela Seleção Brasileira
(Foto: Divulgação/CBH)
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Por Manoel Holanda
Nos últimos anos, tem sido comum vermos na mídia matérias
sobre racismo no esporte. Recentemente, a vítima da intolerância foi
a atleta Gilvana Mendes Nogueira, durante uma
partida válida pelas oitavas de final da Liga Nacional de Handebol Feminino, em
Blumenau-SC.
A atleta maranhense foi vítima de
racismo praticado por um torcedor que estava nas arquibancadas. Gilvana contou
que o torcedor disse para ela “voltar para a senzala”, além de ser xingada de
“vaca preta”, entre outras ofensas. Gilvana prestou
um boletim de ocorrência e o caso está sendo investigado.
Infelizmente, a
atitude desse torcedor reforça a ideia de que, mesmo após o fim da escravidão,
há mais de 100 anos (a escravidão acabou formalmente em 1888), ainda estamos
com a herança maldita do racismo e muitas outras pessoas são vítimas dessa
intolerância diariamente.
O caso de Gilvana serve
de alerta para uma sociedade que ainda recusa reconhecer a presença do racismo
no esporte como um fenômeno bem mais complexo do que tratamos hoje. Do
contrário, de nada vai adiantar as campanhas dos clubes, quando, na verdade, o
tema não é abordado com a seriedade que deveria ter.
Estudos como o
do Observatório Racial no Futebol comprovam que estamos vivenciando um
crescimento do racismo no esporte brasileiro. Desde que o levantamento passou a
ser feito, em 2014, o Observatório constatou 123 casos de discriminação racial.
Desses, somente 15 terminaram com condenações, menos de 12% do total. O baixo
índice dá uma dimensão do tamanho do problema.
Faz-se
necessário uma compreensão mais ampla do tema, pois, mesmo com uma
representatividade cada vez maior dos negros em quase todas as modalidades
esportivas no país, a sociedade ainda não conseguiu dar um basta à explosão da
intolerância e ao avanço do racismo. Com isso, é papel de cada um de nós
reconhecer que, embora pareça surreal, ainda precisamos falar do racismo. E com urgência.
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