Descrição para cegos: imagem do Senado Federal visto de cima.
(Foto: Agência Senado)
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Por Manoel Holanda
Chegamos
ao final de um período político bastante conturbado, e, entre tantas
incertezas, ficamos com a certeza de que a democracia racial ainda não chegou ao
Brasil. E sim, o resultado das eleições é a prova concreta do que estou
falando.
Ora, somos o país com a segunda maior população negra do mundo, mas, apesar
disso, a participação dos negros na política ainda é extremamente injusta e
desigual em todo o território, inclusive aqui na Paraíba. Essa falta de
representatividade reforça e reproduz uma diferença já existente desde os
tempos da escravidão.
Entre os 7 candidatos que concorreram a
uma vaga ao Senado na Paraíba, nenhum deles era autodeclarado negro. E os dois
eleitos são de cor branca, conforme informado à Justiça Eleitoral. É possível
consultar todos os detalhes das candidaturas no site oficial do Tribunal
Superior Eleitoral.
A ausência dos negros na política da
Paraíba também pode ser constatada se reunirmos os dados dos doze deputados
federais eleitos no último dia 7. Dentre eles, apenas um é autodeclarado negro,
enquanto que 58% da bancada paraibana na Câmara será formada por brancos.
Pois bem, não é preciso ser um
especialista no assunto para perceber que algo está errado. Um estado onde a
maioria é de cor negra, mas que serão mais uma vez representados pelos brancos.
Como pode? Logo a Paraíba, onde os negros sempre tiveram um papel de destaque
na composição histórica do nosso povo.
Por
isso, acredito que precisamos refletir sobre a valorização da nossa luta e da nossa
história em tempos de resistência. Apesar de existirem poucos estudos sobre o tema, a grande maioria dos candidatos aqui na Paraíba encontram muitas dificuldades para conseguir dar continuidade ao processo. A falta de apoio financeiro e material são alguns desses problemas.
Diante dessa realidade, o Estado tem a obrigação de implementar políticas públicas voltadas à inclusão dos negros na política, e a sociedade precisa compreender a importância da pluralidade na hora de escolher os seus candidatos. Talvez se faça necessária até a criação de uma política de equidade racial, que pudesse permitir uma presença mínima e obrigatória de políticos negros nos espaços de decisão e poder.
Só assim, poderemos
acreditar em alguma mudança nesse cenário. Todos nós brasileiros precisamos nos unir em
busca de mais uma conquista democrática racial do país, e talvez uma das mais
importantes. Só com uma pluralidade na política será possível sonhar com um
país mais justo e com menos desigualdades.
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