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Descrição para cegos: a foto preto e branco mostra o rosto de uma jovem negra, que sorri para a câmera. |
Por Marijane Mendes
A ditadura do cabelo liso é uma construção
social, uma opção de quem realmente quer mudar ou acha mais fácil e bonito ter
um cabelo desse tipo. Essa construção nasce entrelaçada ao preconceito racial tornando-se
parte da destruição da autoestima de meninas negras, que se tornam mulheres sem
conhecer seu verdadeiro cabelo por, desde cedo, terem aprendido a negá-lo.
O termo “cabelo ruim” é empregado para
se referir a cabelos crespos, pois cabelo “bom” é cabelo liso e à medida que se
carrega algo ruim no seu corpo como pode ter autoestima? É um ato político assumir a estética
negra em uma sociedade em que as normas e padrões eurocêntricos já estão
enraizados na cultura e sustentados pelo tripé da ditadura do alisamento,
chapinha e progressiva.
As atitudes racistas direcionadas ao
cabelo afro estão de tal forma naturalizadas que é possível encontrar pessoas
que se sentem confortáveis em chamar um cabelo de “duro” ou “ruim”, para se
referirem ao cabelo mais crespo, aqueles que não formam cachos. Essa construção
é reproduzida de forma natural quando não queremos ser o que somos e nem
parecer com o que parecemos.
Para as relações étnicos raciais, o
cabelo é determinante, gostar do cabelo é sobretudo gostar do corpo. Admirar e
enaltecer a própria imagem, reforçar a beleza da cor da pele, ter o sentimento
de pertencimento a sua raça e acima de tudo se sentir bem com a própria imagem,
é o que realmente importa.
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