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Descrição para cegos: imagem mostra 8 candidatas de um concurso de beleza. Propositalmente, a foto foi distorcida aplicando-se um efeito que imita gás neon. |
Carmem Ferreira
Raissa Santana, candidata do Paraná,
ganhou o concurso Miss Brasil 2016. Ela é a segunda negra a ganhar o Miss
Brasil. A primeira foi Deise Nunes, em 1986.
Depois de 30 anos sem uma candidata negra
vencedora, Raissa foi eleita a mulher mais bela do país. A edição do concurso,
que aconteceu no dia 1º de outubro, também foi a edição com o maior número de
candidatas negras: a própria Raissa e as que representaram os estados do Rondônia,
Maranhão, Bahia, Espírito Santo e São Paulo.
Segundo uma pesquisa de 2014 realizada
pelo IBGE, 54% da sua população brasileira se autodeclarava negra ou parda.
Ainda assim, o padrão de beleza brasileiro não condiz com esses dados. A beleza
retratada não é negra, é branca, remetendo sempre ao padrão europeu.
Apesar da importância de uma mulher
negra representar a beleza de um país, é válido criticar os concursos de
beleza. Esses concursos são um meio retrógrado de exploração dos corpos
femininos. As mulheres são expostas, julgadas dentro de um padrão e, acima de tudo,
tratadas como objeto, já que a finalidade do concurso é premiar o de maior
valor.
Para ganhar o título Raissa teve que se
encaixar no padrão europeu de beleza – mulheres magras, altas e brancas. Ainda
que a nova Miss Brasil não seja branca, Raissa é uma negra de pele clara, com
traços finos, alta e magra. Isso concede um privilégio sobre negras de pele
mais escura e a torna mais apreciável e tolerável pela sociedade.
Ainda assim, as mulheres negras (sejam
elas de pele escura ou clara) são alvo de constante preconceito. Ter a
representação de uma mulher, que agora é considerada a mais bonita do Brasil, é
uma forma de aumentar a confiança e auto estima de diversas mulheres
brasileiras ao mostrar que a beleza não é exclusividade de pessoas brancas, por
mais que a mídia constantemente retrate assim.
Apesar de tudo, é importante levar em
conta que o fato de premiar uma negra nada mais é do que uma tentativa de adaptar
uma competição anacrônica às demandas da sociedade no tocante a questões
raciais e de gênero. Isso, porém, não esconde o fato de que os concursos de
beleza, em sua essência, contribuem para ratificar preconceitos.
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